Belchior segue vivo nos palcos e ruas: veja 4 ações que celebram o cantor

O cantor e compositor Belchior em 1977: cada vez mais vivo – Foto: Divulgação – @miguel.arcanjo UOL

“Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”. Pelo jeito, não morre mesmo. Pouco mais de dois anos após sua morte, o cantor e compositor Belchior (1946-2017) está mais vivo que nunca nas ruas e palcos do Brasil. O músico cearense autor de canções como “Paralelas” e “Como Nossos Pais” — cantada em uníssono pelo público do último Coala Festival do primeiro ao último verso no domingo passado — é tema de bloco de Carnaval, gravações musicais, espetáculos e homenagens. Isso comprova que sua poesia continua atualíssima e dialoga com o Brasil de hoje. A coluna Miguel Arcanjo enumera quatro ações que fazem Belchior estar cada vez mais entre nós. Veja só:

O jornalista Kerison Lopes, fundador do Bloco Volta Belchior, em BH – Foto: Liliane Pelegrini/Divulgação Belotur – @miguel.arcanjo UOL

Bloco Volta Belchior

O bloco carnavalesco Volta Belchior, criado pelo jornalista e produtor cultural Kerison Lopes um ano antes da morte do cantor em BH, volta com sua Bateria Alucinação. “Já era de se esperar que um bloco em homenagem ao Belchior ficasse uns tempos ‘sumido’ [risos]. Demos uma parada pelos mesmos motivos que Belchior: dívidas, cansaço com a sociedade, pausa pra respirar”, fala Lopes, cheio de bossa. “Infelizmente, o Carnaval de BH renasceu em função dos blocos, mas não temos apoio para desenvolvermos nosso trabalho e, apesar de arrastarmos mais 70 mil pessoas no Carnaval, não temos como pagar as contas”, explica. “Chegamos a pensar em fazer como nosso ídolo e sair de cena de vez, mas temos uma legião de fãs que cobraram muito pela nossa volta. Assim, voltamos com tudo. Nossa Bateria Alucinação voltou aos ensaios, estamos produzindo o espetáculo ‘Alucinação’, com a Banda Radar, que acompanhava Belchior, e o multiartista Jarbas Homem de Melo”, conta. Para Kerison, Belchior está na pauta do dia “porque o Brasil atual lembra o Brasil em que Belchior produziu suas obras primas. Voltamos a uma ditadura, em novo formato, mas tão cruel quanto a de 1964”. E emenda: “Belchior nunca foi tão necessário. Suas letras, sua inteligência, seu compromisso com a verdade, a justiça e a beleza humana são elementos fundamentais para enfrentar as bestialidades que campeiam. Cada vez Belchior é mais ouvido, inclusive por novas gerações que não o conheceram. Muitas releituras estão sendo produzidas, por variados artistas”, diz. Para o fundador do Volta Belchior, isso ajuda a popularizar a obra do cearense. “Arrisco a dizer que Belchior nunca foi tão apreciado, muito mais que no período que esteve no auge do sucesso em vida”, conclui, antes de reforçar que o primeiro ensaio do Volta Belchior para o Carnaval 2020 será neste domingo (15), às 10h, no Bar do Orlando (r. Alvinópolis, 460, Santa Teresa, BH). “Estamos recebendo inscrições para quem deseja entrar na Bateria Alucinação”, dá a dica.

Jarbas Homem de Mello com a Banda Radar: show “Alucinação, Um Concerto Bárbaro” neste fim de semana no Teatro J. Safra, em SP – Foto: Drauzio Zimmer/Divulgação – @miguel.arcanjo UOL

Show “Alucinação, Um Concerto Bárbaro”

Nome forte dos musicais e companheiro de Claudia Raia, o ator, cantor e bailarino Jarbas Homem de Mello apresenta o show “Alucinação, Um Concerto Bárbaro” com a Banda Radar, que tocou em mais de mil shows e gravou discos com Belchior por dez anos, para relembrar as grandes turnês do músico cearense pelo país. A série de shows começou nesta sexta (13) e ainda tem sessões neste sábado (14) e domingo (15), no Teatro J. Safra, na Barra Funda, em São Paulo. Jarbas e banda cantam hits como “Paralelas”, “Alucinação”, “Medo de Avião”, “Como Nossos Pais”, “Galos, Noites e Quintais” e “A Palo Seco”.  Tudo com o certeiro acompanhamento da Banda Radar, formada por João Mourão (baixo), Sérgio Zurawski (guitarra), Jaderson Cardoso (bateria) e Leandro Neri (teclados). O show especial tem produção produção e direção artística de Eduardo Holmes, produtor de 115 shows em turnês com Belchior e Banda Radar.

O cantor Pablo Paleologo é Belchior no musical “Belchior: Ano Passado Eu Morri, Mas Esse Ano Eu Não Morro”, com sessões em SP no Teatro Liberdade entre 20 e 22 de setembro – Foto: Ivana Mascarenhas/Divulgação – @miguel.arcanjo UOL

Musical “Belchior: Ano Passado Eu Morri, Mas Esse Ano Eu Não Morro”

O musical carioca “Belchior: Ano Passado Eu Morri, Mas Esse Ano Eu Não Morro” também celebra vida e obra do cantor e compositor cearense. Dirigido por Pedro Cadore, o espetáculo tem sessões em São Paulo de 20 a 22 de setembro no Teatro Liberdade. O ator e cantor Pablo Paleologo dá vida ao protagonista, ao lado de Bruno Suzano, que interpreta o Cidadão Comum, personagem recorrente nas canções de Belchior e de alguma forma seu alter ego. A banda ao vivo toca 15 sucessos do ídolo que revivem e atualizam o discurso do músico em hits como “A palo Seco”, “Na Hora do Almoço”, “Coração Selvagem”, “Todo Sujo de Batom” e “Apenas um Rapaz Latino Americano”. As próximas apresentações são no Theatro Via Sul, em Fortaleza em 11 de outubro, Teatro Lauro Monte Filho, em Mossoró, no dia 13 de outubro, no Teatro Rival, no Rio, dia 26 de outubro, e no Teatro Fernanda Montenegro, em Curitiba, nos dias 9 e 10 de novembro.

Música “AmarElo”, de Emicida com Majur e Pabllo Vittar

O rapper paulistano Emicida homenageia Belchior no hit “AmarElo”, ao lado de Majur e Pabllo Vittar. A música, cujo clipe foi gravado no Complexo do Alemão, no Rio, traz sample da canção de Belchior “Sujeito de Sorte”. Isso ajudou a popularizou a voz e a poesia do cantor e compositor cearense com as novas gerações, com seus emblemáticos versos: “Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro/Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro”. “Belchior tinha razão”, atesta Emicida.

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