“Não tenho filme sem política, religião e sexo”, diz Camurati em Gramado

A cineasta Carla Camurati recebe o Troféu Eduardo Abelin no 47º Festival de Cinema de Gramado – Foto: Marcello Sá Barreto – Brazil News – Blog do @miguel.arcanjo UOL

A cineasta Carla Camurati, de “Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil”, filme que marcou a retomada do cinema brasileiro em 1995, recebeu no sábado (17) o Troféu Eduardo Abelin no 47º Festival de Cinema de Gramado.

Em seu discurso, a diretora comentou o atual cenário do audiovisual no Brasil, com atitudes na esfera do governo federal que buscam cercear a liberdade criativa das produções.

“Não vamos chamar de crise o que estamos vivendo. Talvez seja uma situação confusa. Temos uma produção de muita qualidade lançada e para sair. O investimento na indústria do audiovisual é estratégico. O dentista, o padeiro, todo mundo precisa se comunicar através do audiovisual, ninguém está fora deste contexto. Ando querendo fatos, para reagir diante deles. Existem leis para serem cumpridas, ações para serem implementadas. Precisamos de menos brigas e mais conversas. Quem estimula nossa raiva nos emburrece. Precisamos respirar.”

Carla lembrou que é preciso a liberdade na abordagem de qualquer temática no cinema. “Não tem um filme que fiz que não tivesse política, religião e sexo”, afirmou.

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Ela ainda celebrou estar mais uma vez no tradicional festival. “Gramado é muito especial para mim, foi meu primeiro festival. É um mundo de emoções. Meu primeiro Kikito foi de madeira”, recordou.

“Passei por este tapete vermelho com o coração galopando. O Festival de Gramado é o único que conseguiu se manter em 47 anos com os melhores filmes, os maiores embates. Isso me emociona e me faz feliz. Sempre quis conquistar o Brasil. Penso que, neste momento, precisamos manter o foco para não nos perdermos no caminho. Não devemos ser esponja de coisas negativas. Temos que iluminar o que nos interessa iluminar”, pediu.

A cineasta Carla Camurati recebe o Troféu Eduardo Abelin no 47º Festival de Cinema de Gramado – Foto: Marcello Sá Barreto – Brazil News – Blog do @miguel.arcanjo UOL

Atualmente, Carla finaliza o documentário “História de um Tempo Presente”, que faz uma leitura sobre o país a partir de imagens que partem das Diretas Já e chegam à eleição do atual governo.

“É uma série de caquinhos que estou juntando, um mosaico da história do país, num trabalho delicado para costurar essas imagens. É um retrato dos fatos e as emoções que eles provocam. O prólogo mostra Ulisses Guimarães com a Constituição promulgada em 1988 na mão pedindo que ela seja cumprida”, antecipa.

E reiterou seu amor à sétima arte: “Minha relação com o cinema vem desde os sete anos. Sou feliz em qualquer coisa dentro do cinema, faço tudo, até figuração”, afirmou a atriz, que conclamou a união das mulheres no cinema brasileiro, já que integra a plataforma multimidia Mulheres Mix.

“A gente precisa bordar juntas, conversar juntas. Mulheres têm um senso crítico muito agudo, são capazes de se criticar pela escolha do esmalte. O universo feminino precisa se misturar, precisamos nos dar o direito de sermos diferentes”, disse.

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