Fotografia se destaca no Festival de Curitiba ao unir talento e agilidade

O fotógrafo Daniel Sorrentino, coordenador da fotografia do Festival de Curitiba: “Somos contadores de história de uma forma direta e sucinta” – Foto: Annelize Tozetto – Divulgação Festival de Curitiba – Blog do @miguel.arcanjo – UOL

O fotógrafo Daniel Sorrentino é o coração das imagens do Festival de Curitiba há 15 das 28 edições do maior evento das artes cênicas da América Latina. As fotos que ele e sua equipe produzem eternizam aquele momento único que só acontece no teatro.

Sorrentino é responsável por coordenar o batalhão de sete fotógrafos que registra os mais de 400 espetáculos do evento que chega ao fim neste domingo (7), fazendo um panorama histórico de cada edição do evento sob direção geral de Leandro Knopfholz.

Nascido no Rio de Janeiro, o fotógrafo considera-se um curitibano por adoção, já que morou 35 anos na capital do Paraná. Há um ano e meio, mora na Europa, mais precisamente em Porto, Portugal, de onde veio exclusivamente para o Festival de Curitiba.

Como seu braço direito na logística, edição e coordenação do time, Sorrentino conta mais uma vez com sua sócia Ana Willerding, direto de Portugal, de onde ela trabalha online.

Os fotógrafos do Festival de Curitiba coordenados por Daniel Sorrentino: alto, Nilton Russo e Rodrigo Leal; abaixo: Humberto Araujo, Virginia Benevenuto, Lina Sumizono e Annelize Tozetto – Foto: Rafael Barreiros – Divulgação Festival de Curitiba – Blog do Arcanjo – UOL

Com uma logística apertada e muita garra e agilidade, os fotógrafos que acompanham Sorrentino são Annelize Tozetto, Lina Sumizono, Humberto Araujo, Nilton Russo, Rodrigo Leal e Virginia Benevenuto, nomes já conhecidos da fotografia cultural nacional e que ganharam essa projeção justamente no Festival de Curitiba.

“Não sou ninguém sem minha turma”, diz Sorrentino, em conversa exclusiva com o Blog do Arcanjo no UOL. “Tenho sorte de ter uma equipe muito competente. Sem eles, não sou ninguém”, fala, modesto.

O fotógrafo Daniel Sorrentino transformou o Festival de Curitiba em momento de aprendizado para profissionais da imagem sob sua coordenação – Foto: Annelize Tozetto – Divulgação Festival de Curitiba – Blog do @miguel.arcanjo – UOL

Vários fotógrafos já passaram por essa equipe. “Eles começam querendo ganhar experiência, porque acham fotografar teatro algo maravilhoso e ficam encantados. Peguei gente sem experiência nenhuma, mas que demonstrava garra em aprender como funciona um fluxo de um grande trabalho de cobertura fotográfica”, conta.

Atualmente, a fotografia no Festival de Curitiba não deve em nada a outros grandes eventos culturais internacionais, como o Festival de Cannes, Berlim ou mesmo o Festival Teatral de Edimburgo, na Escócia.

“Não temos a mesma verba e estrutura, mas estamos no mesmo nível desses e de outros grandes eventos internacionais. Deixando a modéstia de lado, estamos no nível de grandes agências mundiais da imagem”, afirma.

O talento precisa estar aliado à rapidez e objetividade no trabalho. “O prazo é rápido, nada de ficar guardando a foto para amanhã ou semana que vem”, avisa.

O fotógrafo Daniel Sorrentino, coordenador da fotografia no Festival de Curitiba: “Hoje em dia a imagem voltou a falar mais que mil palavras” – Foto: Annelize Tozetto – Divulgação Festival de Curitiba – Blog do @miguel.arcanjo – UOL

Sorrentino viu nos últimos 15 anos a imagem ganhar cada vez mais peso dentro do Festival de Curitiba, fruto da própria revolução digital e das redes sociais.

“Hoje em dia a imagem voltou a falar mais que mil palavras, por conta da modernização. É mais fácil colocar imagens online e você conta a história ali, as pessoas querem consumir muito rápido. Nessa evolução, a nossa responsabilidade aumentou. A gente voltou a ser o contador de história de forma direta e sucinta”, avalia.

Outro legado de Daniel Sorrentino para o Festival de Curitiba é uma farta cobertura fotográfica do Fringe, a mostra independente do Festival de Curitiba com grupos teatrais vindos de todas as partes do Brasil.

“Antes as pessoas que fotografavam o Festival de Curitiba tinham a expectativa de cobrir a Mostra Oficial. Quando entrei, tive de cara a responsabilidade de fazer a curadoria da exposição de 15 anos do Festival. E pensei: Por que o Fringe não é coberto? Sempre achei o Fringe a parte mais importante do Festival de Curitiba, porque é o que coloca o Festival nas ruas. A cultura tem de ser entregue ao povo nas ruas e praças”, lembra.

“No primeiro ano comecei com equipe de três fotógrafos, no segundo, já tínhamos sete. Chegamos a ter 85 atividades acontecendo por dia!”, recorda.

Com tanta coisa acontecendo, é preciso estabelecer recortes: “É humanamente impossível fotografar todos os espetáculos. Eu me valho de indicações e tem o fator sorte também: 25 dias antes de o Festival começar a gente começa a montar a agenda dos fotógrafos”.

“Eu faço questão de sempre estar no Festival de Curitiba. Inclusive acertei isso em Portugal, onde trabalho, e quando eles souberam o que é o Festival de Curitiba, me deram todo o apoio para que conseguisse esses dias para fotografar o evento. Só não venho no dia em que o Leandro [Knopfholz] não me quiser mais”, brinca.

Daniel Sorrentino, coordenador da fotografia do Festival de Curitiba: fotos vistas por mais de um milhão de pessoas só no Flickr do evento – Foto: Annelize Tozetto – Divulgação Festival de Curitiba – Blog do @miguel.arcanjo – UOL

Daniel Sorrentino comemora os números fartos da fotografia nesta edição. “Foram mais de 150 mil imagens feitas, das quais 12.500 foram publicadas no Flickr do Festival de Curitiba, o que nos rendeu até agora 600 mil visualizações somente pelo Flickr, fora as publicações em centenas de veículos da mídia por todo o Brasil. A previsão é chegar em 1.2 milhão de visualizações nos dias que se seguirem ao Festival em nosso Flickr”, conta.

Assim que o evento acabar, neste domingo (7), após 13 dias de muita efervescência cultural, Sorrentino embarca a Itália, onde vai fotografar a renomada Feira de Design de Milão.

“Assim que voltar a Portugal após Milão terei de mudar radicalmente meu olhar, já que volto a trabalhar no Covet Group, com imagens publicitárias dos produtos de design de alto luxo”, revela.

Daniel Sorrentino, coordenador da fotografia no Festival de Curitiba: “É preciso estudar fotografia o tempo inteiro” – Foto: Annelize Tozetto – Divulgação Festival de Curitiba – Blog do @miguel.arcanjo – UOL

“Todo ano a gente refina mais o trabalho, estamos cada vez sendo mais direto na criação da imagem. O nosso objetivo é fazer com que o teatro se perpetue. Temos o objetivo de criar e de encantar. A gente consegue traduzir um pouquinho do espetáculo e também registrar, unindo com o prazer e a diversão”, fala.

A nosso convite, Sorrentino dá dicas preciosas a futuros fotógrafos que queiram se aproximar do teatro. “A primeira coisa é ser insistente, tem de pedir para fazer. Outra dica é focar nas expressões do artista. Teatro sem aquele momento único com a intensidade do artista em cena, aquela emoção”, ensina.

“Outra coisa que não pode é se achar uma estrela. A última estrela que existe lá é o fotógrafo. A primeira é o artista, a segunda é o público e nós estamos lá em terceiro, quarto, quinto… Para registrar aquele momento, temos de ser invisíveis, não atrapalhar nem um nem outro. O fotógrafo é autor do recorte, não da imagem que está na frente dele. Quanto mais o fotógrafo perceber a peça, melhor, é preciso prestar atenção e se preparar para imagem que vem adiante. E, claro, estudar fotografia o tempo inteiro”, conclui.

Enviado especial a Curitiba, no Paraná, o colunista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do 28º Festival de Curitiba.

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