Entrevista de Quinta com Pablo José Meza, diretor argentino de As Ineses

O cineasta argentino Pablo José Meza, diretor do filme “As Ineses”, que estreia no Brasil dia 14 de fevereiro: coprodução Argentina-Brasil é uma comédia de costumes baseada em uma possível troca de bebês na maternidade – Foto: Divulgação – Blog do Arcanjo – UOL

Ele costuma dizer que “em um filme se deixa vida”. Premiado em festivais de lugares como Washington (EUA), Havana (Cuba) e Viña del Mar (Chile), o diretor argentino Pablo José Meza estreia no próximo dia 14 de fevereiro no Brasil seu terceiro filme, “As Ineses” (“Las Ineses”, no título original).

Trata-se de uma delicada comédia de costumes de tom intimista que conta a história de duas famílias envolvidas em uma possível troca de bebês na maternidade no interior argentino em meados da década de 1980.

Diante da confusão, cada criança ganha o mesmo nome: Inês, cujo plural do nome dá título ao filme de engenhoso roteiro.

Mesmo com um olhar leve e bem humorado, o cineasta não se furta de abordar temas delicados, sempre com sutileza e elegância, como o racismo velado e a traição.

Qual é minha bebê? Cena da divertida comédia “As Ineses”, do argentino Pablo José Meza, que estreia no Brasil em 14 de fevereiro – Foto: Divulgação – Blog do Arcanjo – UOL

O longa é uma coprodução entre Argentina e Brasil, feita pela argentina Cinematres e a brasileira Cubo Filmes, e é distribuído por aqui pela Okna Distribuidora.

Contracenando com os atores argentinos Luciano Cáceres, Brenda Gandini, María Leal e Valentina Bassi está o carioca André Ramiro, conhecido pela saga de sucesso policial “Tropa de Elite”, de José Padilha. Ramiro se esforçou para aprender o básico de espanhol para atuar no longa. Também está no elenco outro brasileiro, o ator gaúcho Rafael Sieg, também falando castelhano.

Pablo José Meza apresentou seu filme em pré-estreia em São Paulo nesta quarta (6) na sala 4 do Espaço Itaú Augusta, em São Paulo, onde seu longa foi aplaudido por nomes do cinema como a diretora Laís Bodanzky (de “Bicho de Sete Cabeças”, “Chega de Saudade” e “Como Nossos Pais”) e o ator argentino Juan Manuel Tellategui (de “Pompeya”, “Las Pistas” e “Águas Selvagens”).

O cineasta portenho de Mataderos conversou com o exclusividade com o Blog do Arcanjo no UOL nesta Entrevista de Quinta.

Leia com toda a calma do mundo.

Miguel Arcanjo Prado — O que você quis mostrar com este filme “Las Ineses”?
Pablo José Meza — É um filme que fala sobre a família, sobre a dupla moral, sobre o que é viver em uma cidadezinha do interior. É um filme que toca pequenas coisas que todas as famílias têm, segredos e intimidades, mas tudo isso com um tom de comédia.

Miguel Arcanjo Prado — Você filmou em qual cidade do interior argentino?
Pablo José Meza — Por incrível que parece filmamos todo o longa em Buenos Aires capital, apesar que não se nota. Não tínhamos orçamento para sair da cidade. Apesar de ser uma grande metrópole, Buenos Aires ainda tem alguns bairros com imagens que se parecem muito com lugares do interior. A cena que os personagens estão no carro em uma estrada de terra foi filmada na Faculdade de Agronomia da Universidade de Buenos Aires.

Miguel Arcanjo Prado — Vocês artistas do cinema da Argentina são muito bons para olharem para o pequeno e torná-lo universal. Como conseguem?
Pablo José Meza — Não faço ideia! Eu gosto desse tipo de filme, que pode se passar em qualquer lugar, mas que tem reaízes. A história de “Las Ineses” também poderia acontecer em outro lugar que não fosse o interior da Argentina, num povoado do Brasil, da Espanha. É uma história mais universal, sobretudo porque além da história em si, os temas são universais. Todos temos família, relações entre pais, filhos, avós. Então, o que é bom nisso é que o público pode se identificar imediatamente e gerar empatia com o filme.

Astro de “Tropa de Elite”, o brasileiro André Ramiro está no filme “As Ineses” ao lado dos argentinos Luciano Cáceres e Brenda Gandini – Foto: Divulgação – Blog do Arcanjo – UOL

Miguel Arcanjo Prado — Este é seu terceiro filme. Isso te deixa mais tranquilo?
Pablo José Meza — Não! Nunca estou mais tranquilo! Cada vez que a gente faz um filme mergulha em um mundo diferente. Fazer o terceiro filme é tão difícil quanto o segundo ou o primeiro, igual é difícil fazer o quarto!

Miguel Arcanjo Prado — Você gostou de fazer coprodução com o Brasil?
Pablo José Meza — Todos os meus filmes foram em coprodução com outros países. O primeiro, “Buenos Aires 100 Km” (2004), foi com a França. O meu segundo filme, “La Vieja de Atrás”, já foi coproduzido com o Brasil, assim como o terceiro. É muito difícil fazer um filme hoje na Argentina sem coprodução, porque o dinheiro não te alcança. Então, você sai procurando diferentes meios de financiamento de diferentes países. E estabelecer essa parceria com o Brasil para mim é muito importante, porque é um país latino-americano muito parecido e próximo à Argentina, com muitos talentos técnicos e artísticos.

Miguel Arcanjo Prado — Crê que é preciso mais troca entre artistas brasileiros e argetinos?
Pablo José Meza — Penso que tem de ter mais troca entre Brasil e Argentina como também entre todos os paises latino-americanos. Os produtores latino-americanos geralmente buscam coproduções com países europeus, sem se dar conta que vendo-se entre elas, as produtoras latino-americanas são capazes de conseguir os mesmos recursos.

Uma possível troca de bebês que mexe com duas famílias: Velentina Bassi, María Leal e Brenda Gandini em “As Ineses”, filme de Pablo José Meza que estreia dia 14 de fevereiro no Brasil – Foto: Divulgação – Blog do Arcanjo – UOL

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