Opinião: Aretha Franklin cravou seu nome no panteão da arte sublime

A cantora Aretha Franklin (1942-2018): dona de uma voz sagrada que a cravou no panteão da arte sublime – Foto: Reprodução Arquivo Aretha Franklin – Blog do Arcanjo – UOL

Esta quinta (16) é triste como um dolorido soul, do qual ela foi a rainha absoluta: a morte da cantora norte-americana Aretha Franklin, aos 76 anos, deixa a música de luto, órfã de uma de suas maiores estrelas, que cravou seu nome no panteão da arte sublime.

Quando sua voz, negra e potente, ecoava como uma pequena prece, o silêncio era imediato, acrescido imediatamente de uma grande reverência, quase que religiosa.

Afinal, sua voz era praticamente um coro gospel inteiro, ancestral, epifânico, vibrante.

Dona da impressionante marca de 75 milhões de discos vendidos e 18 Grammys, entre eles o especial por sua trajetória brilhante concedido em 1994, ela colocou seu nome 77 vezes entre as músicas mais tocadas na cobiçada lista da Billboard.

Unanimidade entre artistas e personalidades, foi reverenciada, em vida, pelos maiores de seu tempo, entre eles o então presidente dos EUA Barack Obama, que assim a definiu: “A história dos EUA cresce quando Aretha Franklin canta”.

A menina nascida em 25 de março de 1942 em Memphis, no Tennessee, logo acompanhou a família na mudança para Buffalo, em Nova York, aos dois anos, e, aos quatro, mais uma vez mudou-se, dessa vez para Detroit, em Michigan, cidade que a revelaria ao mundo.

Foi na igreja evangélica New Bethel de Detroit que a então menina impressionou a comunidade com sua voz já impactante, abrilhantando as pregações de seu pai, assistida por nomes como Martin Luther King.

Após cantar em caravanas gospel, em 1956 ela assinou o primeiro contrato com a JVB Records, quando lançou seu primeiro disco, “Songs of Faith”. O impacto foi tão grande que a gigante Columbia a contratou para começar a trajetória pop de sucesso que a consagraria como uma das maiores lendas da música dos Estados Unidos no século 20.

Mulher lutadora, Aretha Franklin enfrentou de cabeça erguida nos últimos oitos anos um câncer agressivo no pâncreas. Ainda teve forças para, a pedido de Elton John para o aniversário de 25 anos de sua fundação que combate a Aids, fazer seu último show em 7 de novembro de 2017, sendo ovacionada na nova-iorquina Catedral de Saint John the Divine.

Nada mais justo que sua voz ecoasse publicamente pela última vez em um templo, lugar tão sagrado quanto a sua música sublime.

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