Satyros promete impacto no desfile do Baixo Augusta

Artistas do grupo Os Satyros, que monta peça com atores transexuais faz participação especial no Acadêmicos do Baixo Augusta neste domingo (4) – Foto: Divulgação

O grupo teatral Os Satyros promete impactar o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta neste domingo (4), descendo rua da Consolação entre Paulista e praça Roosevelt, em São Paulo.

Com o tema “É Proibido Proibir”, o bloco promete reunir uma multidão no centro paulistano tendo como referência a resistência cultural em 1968.

Naquele ano, o Brasil viveu um dos períodos mais sombrios da ditadura militar e, ao mesmo tempo, produziu uma efervescente cena artística e política. O jornalista Zuenir Ventura definiu 1968 como “o ano que nunca terminou”, já que seus reflexos se estenderam por décadas no país.

Alê Youssef, produtor cultural que está à frente do bloco, teve a ideia de responder na folia ativista aos discursos de ódio que pipocam em nossa sociedade.

Rodolfo García Vázquez, fundador do Satyros, ao lado de Alê Youssef, na sede do Baixo Augusta: “a cidade é nossa” – Foto: Isabelle Lisboa/Fotomix/Divulgação

Para dar força cênica à proposta, convocou Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, fundadores do grupo Satyros, cuja sede na praça Roosevelt é vizinha à do Baixo Augusta.

Youssef ficou muito sensibilizado quando a Prefeitura de São Paulo proibiu o Satyros de fazer o tradicional festival Satyrianas na praça Roosevelt no ano passado, após duas décadas de existência exuberante do evento no local.

A Satyrianas é inspiradora do Adadêmicos do Baixo Augusta, que propõe uma relação direta da população com o centro, lembrando que o espaço público é democraticamente de todos.

Por isso, Youssef convocou o grupo para engrossar o coro pela liberdade e resistência de uma população que não quer abrir mão de sua cidade. Alessandra Negrini, musa do bloco, também fará uma performance no desfile.

A atriz Alessandra Negrini, musa do Baixo Augusta – Foto: Bruno Poletti/Folhapress

Homenagem a Judith Butler

Serão quatro trios elétricos repletos de ações performativas. Em um deles, com participação especial de Maria Casadevall, Mônica Iozzi, Diego Ribeiro, Robson Catalunha, Guttervil, Tchaka, Gustavo Ferreira, Juan Manuel Tellategui, Silvio Eduardo, Maiara Cicutt, Bel Friósi e Nicole Puzzi, entre outros, os artistas dos Satyros prestarão homenagem à filósofa estadunidense Judith Butler.

A estudiosa da teoria de gênero foi atacada e demonizada por movimentos conservadores em sua passagem no Brasil no ano passado, quando foi até agredida no aeroporto e teve uma boneca com sua imagem queimada em praça pública, como se fosse uma bruxa.

A cena, típica da Idade Média, deixou os artistas dos Satyros arrepiados. Afinal, o grupo sempre fez peças nas quais a liberdade de gênero e da sexualidade foram a tônica, lembram Rodolfo García Vázquez e Ivam Cabral, que estarão também no trio libertário.

Inclusive, a companhia monta atualmente o espetáculo “Cabaret Trans”, apenas com atores e atrizes transexuais, previsto para estrear em breve.

Com convidados especiais além de seu elenco fixo, os artistas do Satyros prometem uma reação cênica de amor e de inteligência que faça enfrentamento ao ódio e à ignorância que assola o Brasil durante o desfile do Baixo Augusta.

A Batalha da Maria Antônia, de 1968, será lembrada no desfile – Foto: Acervo USP/Divulgação

Uma das ações vai ocorrer na esquina com rua Maria Antônia, onde aconteceu a lendária Batalha da Maria Antônia, enfrentamento entre estudantes de esquerda e de direita durante a ditadura militar. Em 2013, a esquina também foi palco de um violento enfrentamento da PM com manifestantes das Jornadas de Junho.

O bloco se concentra às 14h do domingo (4) na Paulista com Consolação, com previsão de sair em desfile às 16h.

O desfile ainda terá nomes como Leci Brandão, Tatá Aeroplano, Márcia Dailyn (musa trans do Baixo Augusta e diva da praça Roosevelt), Tulipa Ruiz, Emanuelle Araújo e Maria Rita, que cantará “Como Nossos Pais” para inaugurar o painel do coletivo Os Tupys no prédio sede do Acadêmicos do Baixo Augusta, na Consolação com praça Roosevelt.

“Responderemos ao proibicionismo e ao conservadorismo com muito Carnaval”, afirma o bloco.

Não perca por nada deste mundo.

Musa trans do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta e Diva da Praça Roosevelt, Márcia Dailyn dança na sede do bloco – Foto: Isabelle Lisboa/Fotomix/Divulgação

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