Madame Satã discute sexualidade viril do homem negro

Sidney Santiago em cena da peça “Cartas à Madame Satã ou me Desespero sem Notícias Suas” – Foto: Roniel Felipe

Por Miguel Arcanjo Prado

A peça “Cartas à Madame Satã ou me Desespero sem Notícias Suas” da Cia. Os Crespos está de volta a São Paulo. A obra faz curtíssima temporada neste fim de semana no Sesc Belenzinho, em São Paulo, dentro da Mostra Motumbá.

Ainda há sessões da peça nesta sexta (3) e sábado (4), às 21h30, com ingresso a R$ 20. O Sesc Belenzinho fica na rua Padre Adelino, 1.000, próximo ao metrô Belém, em São Paulo.

Em cena, o ator Sidney Santiago Kuanza, que recentemente fez o personagem Sapião na novela “A Escrava Mãe” (Record), dá vida a um jovem negro e homossexual que se corresponde com Madame Satã, lendária figura boêmia carioca que já foi interpretada no cinema por Lázaro Ramos.

A homoafetividade dos homens negro, bem como os estereótipos sexuais de virilidade nos quais estes são enquadrados pela sociedade, permeiam a obra, que tem direção de Lucélia Sergio e dramaturgia de José Fernando de Azevedo. Ainda há colaborações em vídeo dos atores Vitor Bassi e Luis Navarro.

Para construir a peça, Os Crespos receberam cartas de homens negros que desejavam contar suas experiências amorosas e sentimentos. O grupo também realizou entrevistas coletivas com pelo menos 40 homens nas ruas de São Paulo, casas noturnas, presídios e pontos de encontro do público LGBT.

Peça questiona lugar social e sexual ocupado pelo homem negro – Foto: Roniel Felipe

“Viris e machos”

Segundo os artistas, “a obra parte do princípio de que os homens, principalmente os homens negros, aprendem desde cedo a serem viris, machos” —recentemente, houve polêmica por conta de uma fantasia de Carnaval com homens negros de pênis gigante.

Para os integrantes da Cia. Os Crespos, aos homens negros homossexuais é negado o direito ao afeto, buscado então na clandestinidade.

“Quando o amor não é mais clandestino em suas vidas, esses homens têm que continuar respondendo à estereótipos de hipervirilidade e ao repúdio da sociedade, como se ele tivesse traindo a raça, a não ser que ele seja a bichinha”, afirma a diretora Lucélia Santos.

Também no Sesc Belenzinho, Santiago dará a oficina gratuita Memória e Ativismo: Práticas para Vivência e Elaboração de uma Poética Negra, entre 14 e 17 de março. Inscrições pelo envio de currículo resumido para o e-mail oficinadeteatro@belenzinho.sescsp.org.br até 8 de março.

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