Leandra Leal e Helena Ignez serão homenageadas em Tiradentes

Leandra Leal e Helena Ignez serão homenageadas em Tiradentes – Fotos: Divulgação

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

Todo ano, além de abrir a programação cinematográfica brasileira, a Mostra de Cinema de Tiradentes faz justas homenagens a nomes que contribuíram para a história de nossa sétima arte. Em 2016, o festejado foi Andrea Tonacci, que infelizmente morreu no fim do mesmo ano, vítima de um câncer.

Em 2017, são duas homenageadas. Ambas atrizes e realizadoras de nosso cinema: Leandra Leal e Helena Ignez. As homenagens serão prestadas na abertura da Mostra, no dia 20 de janeiro, no Cine Tenda, com a entrega do Troféu Barroco, oficial do evento.

Na sequência, será exibido o documentário “Divinas Divas”, estreia de Leandra Leal na direção. O tributo se estende no fim de semana, com a exibição dos filmes da Mostra Homenagem: “Nome Próprio” (2007), de Murillo Salles, com Leandra; “A Mulher de Todos” (1969), de Rogério Sganzerla, com Helena; e o curta “A Miss e o Dinossauro” (2007), dirigido por Helena. Também no fim de semana, ocorre o debate “O percurso de Helena Ignez e Leandra Leal”, que vai reunir as duas no centro de um bate-papo com a plateia.

Atrizes emblemáticas

As homenagens da 20ª edição da Mostra Tiradentes seguem o conceito em torno das reações e reinvenções ao escolher duas atrizes emblemáticas e autorais da produção audiovisual brasileira, frutos de momentos e potências distintas da nossa história. Daí a escolha por Leandra Leal e Helena Ignez.

Segundo os organizadores da Mostra de Cinema de Tiradentes, cada uma vem construindo carreiras sólidas e poderosas na relação com a autoralidade, o corpo, a interpretação, a produção e a direção. Talentos de força maior que, juntas, vão abrilhantar um ano tão especial do evento mineiro que abre o calendário audiovisual brasileiro.

Leandra Leal

Aos 34 anos, Leandra Leal recebe a homenagem em Tiradentes no exato ano em que também completa duas décadas de cinema. “Se começou na televisão em meados dos anos 1990, primeiro na série Confissões de Adolescente e depois na novela Explode Coração, foi com A Ostra e o Vento (1997), de Walter Lima Jr, que nasceu a futura atriz de primeira linha”, destaca Cléber Eduardo, curador da Mostra. “Aos 13 anos, ela foi aprovada nesse vestibular para adultos, com sua presença suspirante, em trânsito metafísico e metafórico entre o despertar da sensualidade e a sensorialidade do imaginário, tendo a natureza como estímulo”.

Leandra imediatamente chamou atenção por sua presença magnética e pelos prêmios recebidos por A Ostra e o Vento. Desde então, construiu carreira entre a televisão, o teatro, a música e o cinema e atuou para cineastas como Julio Bressane, Paulo César Saraceni, Jorge Furtado, José Eduardo Belmonte, Murilo Salles, Daniela Thomas, Toni Venturi, Bruno Safadi, Sérgio Rezende e Fernando Coimbra. Entre seus trabalhos mais recentes, ela aparece como atriz na pele de uma evangélica no ainda inédito O Rei das Manhãs (2017), de Daniel Rezende, e estreia na direção com o documentário Divinas Divas (2016), centrado nas trans cariocas Rogéria, Valéria, Jane Di Castro,Camille K, Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzio.

Helena Ignez

De uma geração anterior, Helena Ignez, também homenageada pela Mostra de Cinema de Tiradentes em 2017, impõe-se como memória e como presente. Aos 74 anos, ela é memória desde o fim dos anos 1950, no teatro e no cinema. Primeiro, como atriz, estreando nas telas no curta O Pátio (1959), de Glauber Rocha, explodindo os olhares e as sensibilidades em O Padre e a Moça (1965), de Joaquim Pedro de Andrade, e se firmando como atriz-autora em filmes de Rogério Sganzerla e Julio Bressane. A partir de 2007, iniciou o caminho também de diretora, numa trajetória ainda em construção e cada vez mais ousada e inventiva que já soma seis filmes. Seu corpo circulante de energia mística, mítica e libidinal, não importa com qual idade, sempre em estado de performance, marcou gerações de espectadores, realizadores, atores e atrizes.

Uma novidade do próximo ano é que a Mostra de Tiradentes escolheu Helena Ignez não apenas como uma das homenageadas, mas também para nomear o prêmio a ser entregue, já a partir desta edição, a uma mulher em alguma das funções de criação cinematográfica em longa ou curta-metragem presente nas mostras competitivas do evento – Mostra Aurora e Mostra Foco.

Sem crise

Com o tema “Cinema em Reação, Cinema em Reinvenção”, o festival, que acontece de 20 a 28 de janeiro, vai discutir a produção cinematográfica em períodos de crise.

Veja a cobertura completa da Mostra de Cinema de Tiradentes!

 

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