Crítica: “Romeu e Julieta” da diversidade apresenta clássico às novas gerações

Cícero de Andrade (à dir., em cena com Danilo Rosa) se destaca em "Romeu e Julieta" - Foto: Ronaldo Gutierrez

Cícero de Andrade (à dir., em cena com Danilo Rosa) se destaca em “Romeu e Julieta” – Foto: Ronaldo Gutierrez

Por Miguel Arcanjo Prado

Depois de fazer o sucesso arrasa-quarteirão “Urinal, o Musical”, o Núcleo Experimental, dirigido por Zé Henrique de Paula, volta ao básico do teatro em “Romeu e Julieta”, a mais famosa peça de William Shakespeare, que ganha versão que aposta no texto e na diversidade da sexualidade humana com um elenco de principiantes.

A montagem é simples: um grupo de jovens atores ensaia a peça clássica, alternando-se entre as cenas. O texto permanece o original, em rimas, o que exige dos atores presença constante, nem sempre conquistada.

Os personagens não têm intérpretes fixos. Assim, há um jogo teatral constante. Assim, ora Romeu e Julieta são um casal formado por dois homens, duas mulheres ou mesmo um homem e uma mulher.

O recurso pode parecer simplório, mas funciona para reforçar a importância do amor diante das diferentes formas de se exercer a sexualidade, assunto ainda combatido por um Brasil conservador que ressurge nos últimos anos. É por isso que o jogo torna-se pertinente, por mais que a encenação pudesse ter aprofundado mais na temática, apenas contornada pela obra.

Outro mérito da montagem é aproximar o texto clássico das novas gerações, mesmo que a longa duração da peça possa ser fator de resistência para os adolescentes (ou adultos) de tempos tão conectados.

Fran Barros, como sempre, faz uma iluminação que dialoga profundamente com o espetáculo. É um dos melhores em sua função no teatro paulistano. O cenário de Zé Henrique de Paula deixa os personagens como que presos em um bunker que os protege da intolerância que impera lá fora, fazendo clara referência a nomes e fatos homofóbicos nas pichações e às recentes manifestações com Deus e pela “família”.

O elenco cumpre a função de contar de forma simples a trágica história do amor dos dois jovens de famílias rivais. Em contexto mediano, Cícero de Andrade se sobressai, com atuação verdadeiramente entregue, longe de fórmulas prontas.

“Romeu e Julieta” * *
Avaliação: Regular
Quando: Sábado e domingo, 21h, segunda, 19h. 110 min. Até 19/12/2016.
Onde: Teatro do Núcleo Experimental – Rua Barra Funda, 637, Barra Funda, metrô Marechal Deodoro, São Paulo, tel. 11 3259-0898
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)
Classificação etária: 14 anos

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