Dellani Lima conquista SP unindo cinema e música independente

Dellani Lima, cineasta, músico e poeta - Foto: Ana Moravi

Dellani Lima, cineasta, músico e poeta que conquista SP com trabalho autoral – Foto: Ana Moravi

Por Miguel Arcanjo Prado

O cineasta e músico Dellani Lima conquista cada vez mais seu espaço na multiplicidade artística da metrópole chamada São Paulo, onde vive há dois anos, vindo de uma produtiva temporada em Belo Horizonte. Antes, o paraibano de Campina Grande morou em Fortaleza, no Ceará, onde estudou cinema e começou a carreira.

Envolvido com vários projetos no cinema, inclusive um longa sobre a maconha e a política das drogas, chamado “Apto420”, ele também dá as caras no ambiente musical, onde é fundador dos projetos Madame Rrose Sélavy, Felix Canidae, Escama de Peixe e TucA.

Seus filmes mais recentes são “O Tempo Não Existe no Lugar em que Estamos”, premiado pelo júri jovem da Mostra de Cinema de Tiradentes de 2015, “Trago Seu Amor”, também de 2015, e “Planeta Escarlate”, de 2016, co-dirigido por Jonnata Doll — estes dois últimos estiveram na programação oficial do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo e conquistaram o público com ritmo e atmosferas próprios, o que faz de Dellani Lima uma espécie de Godard da nova geração do cinema nacional.

Dono de um estilo autoral, que consegue mesclar poesia, música e imagem, Dellani conversou com o Blog do Arcanjo do UOL sobre este momento profuso de sua carreira. Leia o bate-papo.

Miguel Arcanjo Prado — O que você anda aprontando, Dellani?
Dellani Lima — Ando na montagem de um documentário sobre o poeta cubatense Marcelo Ariel com a produtora Complô! e na produção de uma ficção sobre maconha e a política das drogas com a Filmes Sem Sapato, chamada “Apto420”. Também estou na gravação do novo álbum da Madame Rrose Sélavy e na produção de um projeto musical com a Juliana Perdigão, muito embrionário. Provavelmente convidaremos outros músicos. Além da distribuição e divulgação dos meus novos filmes e álbuns musicais.

Miguel Arcanjo Prado — Que tipo de artista você é? 
Dellani Lima — Um inquieto e multifacetado poeta suburbano do não-lugar.

De pé, Dellani Lima comanda filmagens de "Apto420" em SP - Foto: Aline Arruda

Maconha e ficção: de pé, Dellani Lima comanda filmagens de “Apto420” em SP – Foto: Aline Arruda

Miguel Arcanjo Prado — Como você encarou a mudança de BH pra SP? Como está sendo essa nova fase na grande metrópole? Tem crescido?
Dellani Lima — Como toda mudança, tudo é bem difícil. Você precisa refazer os processos cotidianos e afetivos. Ainda é um momento muito recente e delicado. Mas já comecei a me reestruturar, a entender o ritmo de São Paulo e a reconstruir meus afetos na cidade. Tem sido bastante instigante conhecer essa metrópole de perto, de maneira mais íntima. Tenho descoberto várias cidades numa só. O que apaixona e assusta ao mesmo tempo. São muitos lugares pra sentir, muitos afetos pra viver. É muito cedo pra falar, mas me sinto em casa. É claro que também continuo meus outros projetos em Belo Horizonte e sempre revejo os amigos e parceiros da arte e da vida lá. As montanhas e os abismos permanecem no corpo e nos sonhos.

Miguel Arcanjo Prado — Você é um artista nômade?
Dellani Lima — Transito não só por espaços, como por poemas, músicas e filmes. Essa condição errante de multiartista e indivíduo livre do não-lugar.

Miguel Arcanjo Prado — Como você alia cinema e música? Precisa dos dois pra se expressar?
Dellani Lima — Acredito que todas as artes se encontram na poesia. Antes de tudo vem o conceito, depois a forma. Muitas vezes um devaneio é mais viável como canção ou uma ideia é mais bonita de se expressar como filme. É difícil de ficar sem as duas formas, porque elas se retroalimentam e instigam os processos criativos e afetivos de ambas.

Miguel Arcanjo Prado — Seu cinema é bem autoral e existencialista. Você é uma espécie de Godard brasileiro?
Dellani Lima — Quem dera ser um Godard, [risos]… Falta muito ainda. Um dia quem sabe… Mas me sinto muito próximo do cinema dele, como de outros cineastas poéticos e experimentais.

Dellani Lima na gravação do álbum "Bossa Punk 2", da mme - Foto: Ana Moravi

Dellani Lima na gravação do álbum “Bossa Punk Vol. II”, da Madame Rrose Sélavy – Foto: Ana Moravi

Miguel Arcanjo Prado — Qual o último filme que você viu e gostou muito?
Dellani Lima — O documentário musical “Pedro Osmar, Prá Liberdade Que Se Conquista” dos realizadores Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques. O filme fala poeticamente sobre a trajetória desse importante multiartista brasileiro.

Miguel Arcanjo Prado — O que você anda ouvindo?
Dellani Lima — Tenho ouvido mais coisa brasileira recentemente, de todos os gêneros, como: Carne Doce, Lê Almeida, Jonnata Doll e os Garotos Solventes, Daniel Groove, Cidadão Instigado, Jair Naves, Verónica Decide Morrer, Rafael Castro, Metá Metá, Test, Xóõ, Negro Leo, Juliana Perdigão, Barulhista, Sara Não Tem Nome, Tatá Aeroplano, O Terno, Graveola, Abu, Sozinho, Tricomma, Aji Panca, Logro, Ereção de Elefante, Carmen Fen, Sentidor, Fodastic Brenfers, Grupo Porco, Matéria Prima…

Miguel Arcanjo Prado — Quais são seus projetos artísticos atuais e futuros?
Dellani Lima — Atualmente estou com as novas empreitadas musicais do TucA e do Edifício Garagem e  com os filmes “Da Janela Pra Consolação” e “Planeta Escarlate” em exibição em alguns festivais e mostras pelo país. Mais pra frente eu pretendo lançar o documentário “Pássaro Transparente” e o telefilme “Apto420” e o álbum “Bossa Punk Vol. II” da Mme. Também irei atuar no filme “Velhoeste” dirigido pelo Thiago Taves Sobreiro em Belo Horizonte no fim desse ano ainda. Pra quem quiser saber mais do que já fiz e do que farei, é só acompanhar meu blog.

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