Lula no cinema, Rui Ricardo Diaz faz obra de Guimarães Rosa no teatro

Rui Ricardo Diaz vive Augusto Matraga no palco - Foto: Bob Sousa

Rui Ricardo Diaz vive texto de Guimarães Rosa no palco – Foto: Bob Sousa

Por Miguel Arcanjo Prado

Famoso por viver o ex-presidente Lula no filme “Lula, o Filho do Brasil”, de 2009, o ator mineiro Rui Ricardo Diaz agora mergulha no palco na obra do escritor conterrâneo Guimarães Rosa, na peça solo “A Hora e Vez”, em cartaz no Teatro do Núcleo Experimental, em São Paulo, com direção de Antonio Januzelli.

Nesta entrevista ao Blog do Arcanjo do UOL, o ator fala sobre este novo desafio, conta como foi viver Lula, diz o que pensa da crise política atual no Brasil e ainda revela seus próximos projetos, entre eles a série “Supermax” da Globo, com previsão de estreia no segundo semestre. Leia.

Miguel Arcanjo Prado – Qual sua relação com a obra de Guimarães Rosa e como surgiu a peça?
Rui Ricardo Diaz – Bom, antes de tudo sou mineiro… Guimarães é um dos maiores escritores de todos os tempos, sou apaixonado por sua obra. O processo com o diretor Antonio Januzelli começou há exatos seis anos. Janô é um estudioso do trabalho do intérprete e desenvolve sua pesquisa há pelo menos 30 anos, o Laboratório Dramático do Ator. Dentro desse processo, trabalhamos com textos de Dostoievski, depois sobre alguns contos de Alan Poe, Shakespeare, com Hamlet, e por fim Guimarães Rosa, de onde surgiu o nosso “A Hora e Vez” e a Cia. do Sopro.

Miguel Arcanjo Prado – Qual o maior desafio neste monólogo?
Rui Ricardo Diaz – Ir pra cena num solo já é um grande desafio. Não bastasse, neste caso, tem-se ainda a primorosa escrita roseana, com sua língua própria e imagens que proseiam um sertão profundo, povoado de histórias mitológicas do interior do Brasil recheadas de um homem essencialmente local e por isso mesmo, talvez, do mundo. Como dizia Tolstoi, “quer falar do mundo comece por sua aldeia”. Guimarães transformou um lugarejo como o Arraial do Rala-Coco num mundo inteirinho, inteirinho. Conseguir transpor essa universalidade para o teatro, talvez, seja o grande desafio de trabalhar sobre a obra de Guimarães Rosa.

Rui Ricardo Diaz como Lula no cinema - Foto: Divulgação

Rui Ricardo Diaz como Lula no cinema – Foto: Divulgação

Miguel Arcanjo Prado – Como foi viver Lula no cinema no filme “Lula, o Filho do Brasil”?
Rui Ricardo Diaz – Foi muito especial! Um personagem incrível com uma história de vida singular e com uma imensa carga dramática, além do que, “Lula, o Filho do Brasil” é o meu primeiro longa.

Miguel Arcanjo Prado – Chegou a conhecê-lo? Ainda mantém contato com ele?
Rui Ricardo Diaz – Eu estive com o Lula uma única vez em uma das pré-estreias do filme que ocorreu em São Bernardo do Campo. Conversamos muito pouco, ele estava muito emocionado. O filme conta sua história sob o viés de sua mãe, dona Lindú, que era uma espécie de guia, aliás, é, não só do Lula como de toda sua família. Depois disso, não tive mais contato com ele.

Miguel Arcanjo Prado – As pessoas ainda comentam do filme? O que falam?
Rui Ricardo Diaz – Sim, sempre. Falam muito de coisas que não sabiam de sua vida, como a primeira esposa que morreu no parto junto com o filho ou do antológico discurso pra 80 mil pessoas sem microfone no Estádio da Vila Euclides. Elogiam o filme, o elenco e eventualmente, claro, a conversa caminha para a esfera política, não poderia ser diferente.

Rui Ricardo Diaz - Foto: Bob Sousa

Rui Ricardo Diaz: “Vivemos momento de afronta ao estado democrático de direito” – Foto: Bob Sousa

Miguel Arcanjo Prado – O que pensa da situação política atual?
Rui Ricardo Diaz – Vivemos um momento difícil! Um momento de afronta ao estado democrático de direito e ao voto popular. De repente, corre-se o risco de perder o pouco que se conquistou com os avanços sociais dos últimos anos. Uma esquerda que fazia uma inteligente oposição programática ao governo Dilma se viu obrigada a defender o seu mandato em nome da democracia. Agora, o que se vê é uma governo ilegítimo, que preside o país por meio de um golpe declarado, que elegeu como líder supremo do país Michel Temer, uma espécie de marionete que tem como principal função parar a lava jato e “estancar a sangria”, salvando os poderosos coronéis do país que teimam em viver numa república fora de época. O que devemos perguntar agora é onde estão aqueles que encheram a Avenida Paulista e outras importantes ruas do país gritando contra a corrupção? Onde estão?

Miguel Arcanjo Prado – Quais são seus próximos projetos no cinema e na TV?
Rui Ricardo Diaz – Estou rodando neste momento o longa-metragem “Blitz”, de Rene Brasil e com roteiro do Bosco Brasil, com estreia prevista para 2017. E no segundo semestre de 2016, estreio a série “Supermax”, da Globo, um reality show com 12 participantes onde tudo pode acontecer…

Rui Ricardo Diaz em A Hora e a Vez - Foto: Bob Sousa

Rui Ricardo Diaz em A Hora e Vez – Foto: Bob Sousa

A Hora e Vez
Quando: Sábados às 21h e domingos às 19h. 60 min. Até 28/8/2016
Onde: Teatro do Núcleo Experimental – Rua Barra Funda, 637, Barra Funda, São Paulo, tel. 11 3259-0898
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)
Classificação etária: 16 anos

 

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