Sem patrocínio, Grupo XIX de Teatro faz maratona de peças e arruma telhado

Cena da peça "Hysteria", clássico do Grupo XIX - Foto: Jonatas Marques

Cena da peça “Hysteria”, clássico do Grupo XIX – Foto: Jonatas Marques

Por Miguel Arcanjo Prado

O velho armazém da Vila Maria Zélia, que completa cem anos em 2017 na região do Belém, em São Paulo, abriga há 15 anos o Grupo XIX de Teatro.

Este ano debutante não é só de festa, mas também de tribulações, como o telhado do espaço caindo aos pedaços e a falta de patrocínio. Para consertar o teto, que estava esburacado, o que provocava inundação a cada chuva, o grupo fez vaquinha e até bingo. Assim, conseguiu a grana, e a reforma já está em andamento.

Mas, sem o Fomento ao Teatro, a verba que a Prefeitura de São Paulo concede a grupos selecionados em edital, a trupe sofre para se manter. Por isso, faz maratona com as peças de seu repertório.

“Sem dúvida, nossa maior dificuldade hoje é financeira. Estamos sem nenhum subsídio. Não fomos contemplados na última edição do Fomento, que há tempos aponta seu limite. Estamos numa situação bem delicada. A temporada e as oficinas não dão conta de manter toda a estrutura do grupo: tempos sombrios”, define o diretor Luiz Fernando Marques, conhecido como Lubi.

Três peças são encenadas aos fins de semana, todas com ingresso a R$ 40 a inteira. As encenações aproveitam a ambientação histórica da Vila Maria Zélia para enriquecer a experiência do público, utilizando o armazém, a vila e as ruínas da antiga Escola de Meninas.

O Grupo XIX de Teatro é formado pelos artistas Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Paulo Celestino, Rodolfo Amorim e Ronaldo Serruya, entre outros artistas colaboradores.

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Ronaldo Serruya e Juliana Sanches em "Hygiene" - Foto: Jonatas Marques

Os atores Ronaldo Serruya e Juliana Sanches em “Hygiene” – Foto: Jonatas Marques

“Hygiene”, peça itinerante sobre a urbanização do Brasil no fim do século 19, com o ataque aos cortiços e uma proposta política de higienização das cidades, é apresentada aos sábados, às 16h.

Já “Hysteria”, primeiro e um dos maiores sucessos do grupo estreado em 2001, conta a história de um hospício feminino no século 19 e tem sessões aos domingos, às 13h30. A obra já teve mais de 350 apresentações em 80 cidades brasileiras e 14 do exterior, com temporadas na França e na Inglaterra. “Este ano Hysteria faz 15 anos de sua estreia”, lembra o diretor.

Por fim, aos domingos, às 16h, é apresentada a mais nova produção da trupe, “Teorema 21”, com a história de uma família perturbadora inspirada na obra do cineasta italiano Pasolini, cuja morte completou 40 anos em 2015.

Para o diretor do Grupo XIX, mesmo as peças mais antigas continuam atuais. “Elas ganham novas camadas quando colocadas ao lado da luta contra a cultura do estupro e com a luta contra as forças reacionárias que insistem em avançar no Brasil”, diz Marques.

“Repertório do Grupo XIX de Teatro”
Quando: “Hygiene”, sábado, 16h. 80 min; “Hysteria”, domingo, 13h30. 70 min;
“Teorema 21”, domingo, 16h. 75 min. Até 3/7/2016
Onde: Armazém XIX – R. Mário Costa, 13, Vila Maria Zélia, Belém, São Paulo, tel. 2081-4647
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada) cada peça
Classificação etária: Livre (“Hygiene”); 14 anos (“Hysteria”) e 18 anos (“Teorema 21”)

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