Favela carioca conquista palco do Festival de Curitiba com Eles Não Usam Tênis Naique

Cena de Eles Não Usam Tênis Naique no 25º Festival de Teatro de Curitiba - Foto: Annelize Tozetto/Clix

Cena de Eles Não Usam Tênis Naique no 25º Festival de Teatro de Curitiba – Foto: Annelize Tozetto/Clix

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial a Curitiba*
Fotos ANNELIZE TOZETTO/Clix

Uma filha que não vê o pai há muitos anos e o reencontra é o pano de fundo da peça carioca Eles Não Usam Tênis Naique, apresentada no 25º Festival de Teatro de Curitiba no Sesc da Esquina, com última sessão neste domingo (27), às 19h.

A peça da Cia. Marginal, do Complexo da Maré, é dirigida por Isabel Penoni e tem texto de Marcia Zanelatto, que faz uma ponte histórica com Eles Não Usam Black-tie, histórica peça do Teatro de Arena, escrita por Gianfrancesco Guarnieri e transposta para o cinema por Leon Hirszman. A obra toca também no tema do tráfico de drogas nas favelas cariocas, já que o pai é um ex-traficante e a filha seguiu seus passos.

“A primeira relação presente da peça é a esta relação entre pai e filha, mas claro que o espetáculo é atravessado por outras temáticas”, afirma a atriz Jaqueline Andrade, que integra o elenco ao lado de Phellipe Azevedo, Rodrigo Souza, Geandra Nobre e Wallace Lino.

Cena de Eles Não Usam Tênis Naique no 25º Festival de Teatro de Curitiba - Foto: Annelize Tozetto/Clix

Cena de Eles Não Usam Tênis Naique no 25º Festival de Teatro de Curitiba – Foto: Annelize Tozetto/Clix

Geandra Nobre, também atriz do grupo, lembra que a peça surgiu por conta da Ocupação Grandes Minorias, no Teatro Glauce Rocha, no centro do Rio. Esta é a primeira viagem do espetáculo fora do Estado fluminense.

Para o ator Phellipe Azevedo, a peça reflete o cotidiano complicado da cidade do Rio de Janeiro. “Vivemos em uma Cidade Partida. E nossa forma de fazer teatro reflete isso. É preciso democracia não só no plano político, como também no teatro e na cidade, que precisam ser de todos”, afirma.

A peça tem direção musical de Thomas Harres, que compôs a trilha sonora original com Rodrigo Souza. O cenário de Guga Ferraz traz painéis com imagens de favelas do Rio em meio à Cidade Maravilhosa. Raquel Theo assina figurinos, e Pedro Struchiner, a luz. A equipe ainda tem Daniel Kucera, na programação visual, Ratão Diniz, na fotografia, Mariluci Nascimento, na produção, com assistência de Priscila Monteiro.

Fora do eixo Globo-Zona-Sul, o grupo investe em um teatro “que forma público” e que dialoga com parcelas esquecidas da população. “As relações de tensão social estão chegando aos palcos também agora. E estamos discutindo tudo isso há dez anos”, afirma Geandra Nobre.

Ao que Azevedo complementa: “O momento político do Brasil hoje é tenso e complicado. Mas, não podemos retroceder nos avanços sociais que já alcançamos. Estarmos aqui na Mostra Oficial do Festival de Curitiba é um atestado disso”, pondera.

Cia Marginal em Curitiba: Mariluci Nascimento, Priscilla Monteiro, Diogo Vitor, Jaqueline Andrade, Wallace Lino, Rodrigo Souza, Geandra Nobre e Phellipe Azevedo - Foto: Annelize Tozetto/Clix

Cia Marginal em Curitiba: Mariluci Nascimento, Priscilla Monteiro, Diogo Vitor, Jaqueline Andrade, Wallace Lino, Rodrigo Souza, Geandra Nobre e Phellipe Azevedo – Foto: Annelize Tozetto/Clix

*O jornalista MIGUEL ARCANJO PRADO viajou a convite do Festival de Curitiba.

Leia a cobertura completa do Festival de Teatro de Curitiba

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