Carnaval impacta economia de Diamantina, terra de Xica da Silva e JK

Por Miguel Arcanjo Prado

A pacata Diamantina, terra natal de Xica da Silva e do presidente Juscelino Kubitschek, já se prepara para viver uma revolução em suas ruas históricas nos próximos dias. O Carnaval lota a cidade mineira incrustada no alto da serra do Espinhaço e a cerca de 300 km de Belo Horizonte.

Em 2015, foram 15 mil turistas se divertindo em blocos pelas ladeiras de pedras centenárias ou no camarote do Mercado Velho. A expectativa para este Carnaval 2016 é que o número suba para próximo de 20 mil visitantes, segundo previsão da Diretoria de Turismo da Prefeitura de Diamantina.

“O Carnaval de Diamantina é um dos nossos maiores eventos culturais, que se consolidou no cenário mineiro e nacional há mais de 30 anos”, orgulha-se o prefeito de Diamantina, Paulo Célio de Almeida Hugo.

Impacto na economia

O impacto dos visitantes é notado na economia do município de pouco mais de 47 mil habitantes, que vivem tanto na parte histórica quanto nos 20 distritos e povoados mais afastados. O prefeito conta que, após o Carnaval, muitos moradores quitam seus impostos, pagam dívidas, reformam suas casas e compram bens com o dinheiro ganho na folia. “O Carnaval gira a economia local como um todo”, celebra.

Em 2015, a cidade fez pesquisa de perfil do folião de seu Carnaval. Descobriu que os homens são maioria, com 53,7%, enquanto 37,6% são mulheres e 2,7% preferiram não informar o sexo. A cidade que mais manda foliões é Belo Horizonte, com 22,4%, seguida de Montes Claros, com 8,7%, São Paulo, com 6,7% e Rio de Janeiro, com 6,3%.

E os visitantes chegam com dinheiro no bolso. A mesma pesquisa mostrou que quase 15,9% dos entrevistados estavam dispostos a torrar entre R$ 901 e R$ 1100, enquanto 14,9% gastariam ainda mais: entre R$ 1.100 e R$ 1.300. Outros 9,8% informaram que gastariam entre R$ 1.301 e R$ 1.500, enquanto que 8% desembolsariam entre R$ 1.501 e R$ 2.000. Já 5,5% afirmaram que iriam deixar na cidade mais de R$ 2.000 durante a folia.

Presidente da Acid (Associação Comercial e Industrial de Diamantina), Flávio Pires conta que o comércio formal vê crescer em 30% seu faturamento nesta época do ano. “O Carnaval é muito importante para a economia da cidade, não só na formal, nos bares, restaurantes, lojas e hotéis, como também na economia informal, como aluguel de casas ou gente que faz almoço e jantar para vender aos turistas”, conta. “Tem gente aqui em Diamantina que vive o ano inteiro com o dinheiro que ganha no Carnaval. Então, esse impacto dura o ano todo”, conclui.

Folia une novo e velho

A festa que tanto atrai os jovens, sobretudo estudantes universitários, também preserva a folia de outrora, representada pela quase centenária Banda Fogosa do Sapo Seco, que sai no domingo e terça-feira de Carnaval pelas ruas do antigo Arraial do Tijuco, sempre a partir das 15h, com cerca de 25 músicos e arrastando centenas de pessoas até anoitecer.

“A banda foi fundada em 1923. É um bloco masculino em que todos usam fantasias e máscaras. Sempre fazemos uma crítica social com ironia. O tema deste ano é ‘A Origem: Sapossauros Tijucanos Secos na Lama Brasilis'”, adianta o presidente da Sapo Seco, Wilton Brant Araújo.

Para os mais moderninhos, há o camarote que funciona no Mercado Velho e recebe 2.200 pessoas. “O camarote existe desde 2003 e foi uma maneira que encontramos, juntamente com a administração pública, de suprir os gastos com a estrutura do Carnaval”, conta seu coordenador, Rogério Farnezi. Com direito a DJs, shows e banheiros exclusivos, o camarote sai entre R$ 430 e R$ 630, com direito a open bar. “Por estarmos em um prédio tombado pelo patrimônio histórico, tudo é feito com muito cuidado”, garante Farnezi.

Esta convivência harmônica entre o novo e o velho faz a fama do Carnaval de Diamantina e ainda projeta para além de suas fronteiras bandas formadas por lá, como Bartucada e Bat-Caverna. Por isso, o prefeito comemora: “Nosso Carnaval é único e tem um modelo genuíno, original, em que se agregam valores musicais locais, que se casam com a arquitetura colonial do centro histórico e, por que não dizer, com a alegria jovial e a crítica fina e atualizada do próprio diamantinense”, diz Paulo Célio.

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