Nicette Bruno conta sua trajetória no Persona em Foco

Nicette Bruno, entre Roberto Arduin e Miguel Arcanjo Prado: trajetória no Persona em Foco, da TV Cultura - Foto: Jair Magri

Nicette Bruno, entre Roberto Arduin e Miguel Arcanjo Prado: trajetória no Persona em Foco, da TV Cultura – Foto: Jair Magri

Com TV CULTURA

A atriz Nicette Bruno é a próxima convidada do Persona em Foco, programa da TV Cultura que vai ao ar na terça-feira (1º), às 23h30, com apresentação de Atílio Bari e roteiro de Analy Alvarez, coordenadora de dramaturgia da emissora.

Os entrevistadores convidados para esta edição são o jornalista e vice-presidente  da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), Miguel Arcanjo Prado, e o ator Roberto Arduin.

Nicete Bruno, aos 82 anos e 70 de carreira, tem cerca de 148 trabalhos realizados, muitos deles marcantes, e muita história para contar.

A atriz lembra que aos quatro anos já declamava nos saraus que sua avó realizava semanalmente, e que sua mãe a levava para declamar e cantar no programa infantil da Rádio Guanabara.

Nicette revela que descobriu seu amor à arte de representar durante sua estreia profissional no espetáculo A Filha de Iório, de Gabriel D’Annunzio, produzido pela Companhia de Dulcina de Moraes. Sua atuação lhe valeu a medalha de ouro de Atriz Revelação pela ABCT (Associação Brasileira de Críticos Teatrais). “Foi aí que eu descobri o frisson interno de que não poderia fazer outra coisa. Não poderia vivenciar algo na minha vida  que não fosse atuar como atriz”.

A artista conta que recebeu formação teatral do diretor polonês Zbigniew Marian Ziembinski. Ele a dirigiu em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues.

Nicette Bruno se emocionou durante a gravação do Persona em Foco - Foto: Jair Magri

Nicette Bruno se emocionou durante a gravação do Persona em Foco – Foto: Jair Magri

Em ritmo acelerado, a atriz logo passou a empresária e, aos 17 anos, fundou o Teatro de Alumínio, na Praça das Bandeiras, em São Paulo.  Foi aí que ela conheceu o marido Paulo Goulart. Ela conta que precisava de um galã para a peça Senhorita Minha Mãe, de Louis Verneuil, e que Paulo foi aprovado nos testes. “Eu nem olhava direito pra ele, porque eu estava sentindo uma responsabilidade imensa de assumir aquele teatro sem nenhuma experiência, aos 17anos. E o Paulo fez um enorme sucesso”.

Durante uma festa, Nicette soube que haveria um romance na companhia e que o galã estava apaixonado pela mocinha, o que a deixou surpresa. “Aí comecei a olhar o Paulo diferente. Na festa pediram para eu declamar um poema e Paulo sugeriu um de nossos ensaios. Declamei, mas não via o Paulo. Fui procurar o Paulo, que estava numa sala escurecida, e disse ‘você pediu para dizer o poema e sumiu’  E ele respondeu ‘Eu pedi para você dizer o poema pra mim e não pra essa gente toda. Aí o sininho tocou. Começamos a dançar, terminou a música e ficamos de mão dadas e continuamos de mãos dadas o resto da vida”.

Nicette conta detalhes de sua trajetória na televisão, que até o momento contabiliza 46 novelas, muitas relevantes para a dramaturgia como Selva de Pedra; Rainha da Sucata; Ti Ti Ti e A vida da Gente. Ela ainda relembra os primeiros trabalhos nas extintas emissoras Excelsior e Tupi, onde atuou em novelas de sucesso daquela época, com destaque para A MuralhaO Meu Pé de Laranja LimaRosa dos VentosPapai CoraçãoÉramos Seis e Como Salvar Meu Casamento.

No teatro brasileiro, a atriz contabiliza mais de 90 espetáculos que conquistaram a crítica, público e diversos prêmios. Trabalhou com diretores consagrados nos espetáculos Week-end, com direção de Antunes Filho, Zefa entre os Homens, de Ziembinski, e Somos Irmãs, de Antônio Abujamra, com o qual ganhou os prêmios Shell e Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) de melhor atriz.

Com 70 anos de carreira, Nicette reafirma seu amor ao teatro. “Pena que muitos entrem nas escolas de teatro visando a televisão. Isso me desagrada, porque o teatro é completamente diferente de tudo. Ele que dá consistência, sentido e estrutura. Ele dá a base para fazer televisão e cinema”.

Nicette Bruno se emociona e emociona a plateia ao falar da ausência de Paulo Goulart, falecido em 2014. Diz que foi um período difícil e triste. E que até o último momento, tinha esperança que  ele fosse curado.

“Os filhos sabiam e ele sabia que estava no fim, mas nunca demonstrou para mim. Foi um momento duro e difícil. A doutrina espírita me ajudou a enfrentar esse aparente afastamento. Porque jamais Paulo sairá do meu coração e jamais sairá da minha lembrança até o momento do nosso reencontro. Então eu quero trabalhar. Só o trabalho  permite que eu consiga superar toda essa dor. Não quero parar nunca. Enquanto puder, estarei no palco e na televisão. Estarei  nos encontros com vocês, jovens, que me dão força e coragem para continuar.”

O programa ainda conta com depoimentos Suely Franco, Paulo Guarnieri,  Francisco Solano, Alcides Nogueira,  Lucia Capuani, Barbara Bruno e Matheus Carrieri.

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