Crítica: Tombé debocha da dança para provocar reflexão

Espetáculo Tombé, que tem última sessão em SP neste domingo (13), lança olhar irônico para a dança - Foto: Divulgação

Olhar irônico sobre o mundo da dança: Jorge Alencar e Fábio Osório Monteiro no espetáculo Tombé, que tem última sessão em SP neste domingo (13) no Sesc Belenzinho – Foto: Divulgação

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

Neste mundo pós tudo, como fazer algo original e ainda conseguir agradar ao público e às temidas comissões burocráticas que aprovam projetos culturais? Sobretudo quando a arte em questão é posta em xeque a todo momento, como é o caso da dança, desconstruída de forma obsessiva por coreógrafos desejosos de deixar sua marca no mundo.

Pois o espetáculo Tombé, dirigido pelo baiano Jorge Alencar, consegue bulir com as estruturas do sistema de produção artística contemporânea de forma bem-humorada, mas nem por isso menos ferina. É o que chama de stand up dance comedy ou um sitcom coreográfico. As apresentações paulistanas fazem parte do projeto Humor na Dança, no Sesc Belenzinho.

No palco, Eduardo Gomes, Fábio Osório Monteiro, Jorge Alencar, Neto Machado e Rúbia Romani formam um quinteto composto por três bailarinos, um ator performático e um produtor/técnico. Estes precisam demonstrar virtuosidade em um mercado competitivo e cada vez mais exigente. Porque nada basta.

Assim, a obra trafega por diferentes campos da dança, de forma irônica e pungente, não temendo inclusive o politicamente correto e se arriscando corajosamente em pisar em campo minado, por determinados momentos.

Eles constroem e desconstroem os passos para tentar chegar ao irrespondível: definir, hoje, o que é a dança contemporânea.

O grande achado do espetáculo é se distanciar de um olhar exageradamente intelectualizado para os movimentos do corpo, questionando, inclusive, a própria academia e seu hermetismo.

Jorge Alencar é atrevidíssimo. E faz de Tombé uma obra proponente, desconcertante e altamente necessária. Porque é preciso, além de pensar, também desconstruir o pensamento, para se chegar em algum lugar. Ou não, como dizem os baianos.

Leia entrevista exclusiva com Jorge Alencar

Tombé * * * *
Avaliação: Muito bom
Quando: Domingo, 17h30. Última apresentação. Até 13/9/2015
Onde: Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1.000, metrô Belém, São Paulo, 11 2976-9700)
Quanto: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) e R$ 6 (comerciários e dependentes)
Classificação etária: Livre

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