Zé Celso e Oficina voltam a texto de rádio de Artaud

Zé Celso, no palco do Oficina: de volta a Artaud 19 anos depois – Foto: Ayume Oliveira

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

Após mergulho intenso na saga de Cacilda Becker, o Teat(r)o Oficina estreia seu novo espetáculo, desta vez um texto de Antonin Artaud (1896-1948). Na verdade, trata-se de uma nova montagem para a mesma peça que o Oficina montou 19 anos atrás.

A peça Pra Dar um Fim no Juízo de Deus, foi escrita para o rádio e é adaptada para os palcos por José Celso Martinez Corrêa, o nosso Zé Celso. A montagem estreia neste sábado (21), equinócio de outono, como lembram os artistas do Oficina.

A temporada será curtíssima: somente até 12 de abril, sempre aos sábados, 21h, e domingos, às 20h, no Oficina (veja serviço ao fim). E tem mais: a nova produção só dura uma hora. O que é verdadeiro milagre quando se trata do grupo mais aguerrido do teatro brasileiro.

Pascoal da Conceição está de volta ao elenco do Oficina na montagem – Foto: Ayume Oliveira

Zé Celso cria uma espécie de Juízo Final nos atuais tempos de “Apocalipse do Crash Global, em pleno rebaixamento do poder humano na Cultura, emerge no corpo a corpo vivo com o poder do Teatro, para refazer nossa anatomia, livre dos automatismos dos juízos que nos impedem de viver”, como define.

Já praxe no grupo, as sessões terão legendas em inglês (pode levar seu amigo gringo) e também serão transmitidas ao vivo pelo site do Oficina.

Camila Mota: “o rito dialoga com maneiras de reinterpretar a vida” – Foto: Ayume Oliveira

A atriz Camila Mota diz que “o rito dialoga com maneiras de reinterpretar a vida, dando voz para o texto ser ouvido no lugar em que ele precisa ser ouvido, com toda a sua contemporaneidade e para além do estigma do autor louco”, fazendo referência ao histórico do ícone do teatro na França.

Perseguido, a vida inteira, Artaud foi internado por nove anos em hospícios, só lendo libertado no fim da Segunda Guerra Mundial. A peça foi escrita pouco tempo depois, em 1948, pouco antes de sua morte.

Em dose dupla: Marcelo Drummond também participou da montagem de 1996 – Foto: Ayume Oliveira

A primeira montagem do Oficina para o texto foi em 1996, no Masp, o Museu de Arte de São Paulo, para celebrar o centenário de Artaud. O sucesso foi tanto que ganhou em seguida temporada no Oficina e, depois, na Casa das Rosas, também em São Paulo. A peça ainda fez turnê na Bahia, onde se apresentou na capela do Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, pelo interior de São Paulo, em Recife e no Rio.

“Sua grande beleza de Ator, que se vê em seus filmes, estava detonada por torturas de choques elétricos do sistema psiquiátrico da época”, lembra Zé Celso, sobre Artadu. “Mas a sabedoria nascida de seu Corpo machucado por todas as suas dores fez dele o grande Curandeiro do século 20. Em 1948 tinha escrito o texto para uma transmissão pela Radio Nacional Francesa – que foi proibida, mas foi gravada e  publicada, tornando-se uma Cápsula Revolucionária da Cultura do Corpo Humano”, declara.

Carne nova: Roderick Himeros faz parte do time de jovens atores da montagem – Foto: Ayume Oliveira

O elenco traz gente nova, mas há quatro nomes que integraram o elenco da primeira montagem de 19 anos atrás: Zé Celso (Velho Artaud), Marcelo Drummond (Artaud Monge Massieu), Pascoal da Conceição (Artaud Marat) e Camila Mota (Artaud Beatriz Cenci). Eles se unem em cena aos novatos Roderick Himeros (Índio Tarahumara Xamã do Rito), Joana Medeiros, Nash Laila, Daniel Fagundes, Rodrigo Andreolli, Lucas Andrade e Ariel Roche (Artauds Despedaçados).

Fazendo a música ao vivo estão Carina Iglesias (percussão xamânica) e Felipe Massumi (cello e canto). Completam o time Marília Gallmeister e Carila Matzembacher, na arquitetura cênica, enquanto o vídeo tem direção de Igor Marotti e a direção de cena fica sob comando de Otto Barros.

Pra Dar um Fim no Juízo de Deus, de Antonin Artaud
Quando: Sábado, 21h, domingo, 20h. 60 min. Até 12/04/2015.
Onde: Teat(r)o Oficina (r. Jaceguai, 520, Bixiga, São Paulo, tel. 0/xx/11 3106-2818)
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia); moradores do Bixiga pagam R$ 5
Classificação etária: 18 anos

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