Entrevista de Quinta: “Queremos nos virar pelo avesso”, dizem atores do Teatro Invertido

Fim do mundo à beira da piscina: cena de Noturno, peça do Teatro Invertido – Foto: Guto Muniz

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

O último fim de semana foi de frio na barriga para o grupo mineiro Teatro Invertido, que celebra dez anos de existência neste 2015. A companhia estreou sua sétima peça, Noturno, no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, em Belo Horizonte.

A peça abriu o festival Verão Arte Contemporânea, o VAC. As últimas apresentações começam nesta quinta (15) e vão até domingo (18) [veja serviço ao fim].

O texto é assinado por Sara Pinheiro, jovem dramaturga da cena belo-horizontina e fala sobre o fim do mundo na visão de cinco antigos colegas de adolescência, que passam suas vidas a limpo, à beira da piscina, antes que tudo termine.

Monica Ribeiro e Yara de Novaes foram convocadas pelo grupo para assinar a direção a quatro mãos. Compõem o elenco os atores Dimitrius Possidônio, Kelly Crifer, Leonardo Lessa, Rita Maia, Robson Vieira e a atriz convidada Juliene Lellis.

Nesta Entrevista de Quinta, o Atores & Bastidores do R7 conversou com dois deles: Leonardo Lessa e Rita Maia. Falaram que o objetivo do grupo é se virar pelo avesso.

Leia com toda a calma do mundo.

Sétima peça do Teatro Invertido, Noturno pode ser vista em BH até este domingo (18) – Foto: Guto Muniz

MIGUEL ARCANJO PRADO — Como foi trabalhar conjuntamente com a Yara de Novaes e a Monica Ribeiro na direção?
LEONARDO LESSA —
Sempre foi um desejo trabalhar com a diretora Yara de Novaes. Nesse ano de comemoração de nossos 10 anos, nos propusemos a um desafio inédito em nossa trajetória: iniciar uma nova criação a partir de um texto previamente escrito. O nome de Yara nos veio forte e decisivo. Afinal, para inaugurar esse novo caminho, seria fundamental a experiência e a qualidade características de seu trabalho no trato com o texto teatral. Monica, além de grande parceira de Yara em BH, trouxe com muita força o trabalho com o movimento, com a relação tempo-espaço e com a rítmica do corpo-voz.
RITA MAIA — Esse encontro trouxe para nossa atuação um profundo trabalho com a palavra e com os movimentos para a construção da cena. Foram desafios diários que, além de questionar referências e conceitos arraigados desde nossa formação (sem, no entanto, desprezá-los), fortaleceram nossas escolhas como artistas e como grupo.

Noturno: o mundo está para acabar – Foto: Guto Muniz

MIGUEL ARCANJO PRADO — Já se vão dez anos de Teatro Invertido: qual a análise vocês fazem da trajetória do grupo?
RITA MAIA —
O caminho que traçamos até aqui têm nos dado muito orgulho e satisfação. É sempre bom celebrar e ritualizar uma passagem. Não à toa, estamos nos colocando novos desafios e nos invertendo nesse novo processo criativo.
LEONARDO LESSA — Todos os integrantes do grupo compartilham um desejo de se reinventar sempre, de sair do eixo, virar-se do avesso. Lançando um olhar sobre essa década, temos a certeza de que tudo foi construído aos poucos, com paciência, mas também com coragem para as mudanças e para os novos desafios.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Qual é o principal objetivo para o Invertido em 2015?
RITA MAIA —
Em primeiro lugar (e isso se renova a cada ano) fortalecer cada vez mais nosso funcionamento interno: artístico e produtivo. Um grupo de teatro é uma junção de criadores com características diversas, mas que comungam de um mesmo projeto de arte e de vida. Por isso, também é feito de gestão e planejamento. Uma casa bem organizada é uma casa feliz e produtiva.
LEONARDO LESSA — Nesse momento, alimentamos o grande desejo de expandir fronteiras, inclusive internacionalmente. Para isso, em 2013 criamos, em parceria com nossos conterrâneos dos grupos Espanca!, Luna Lunera e Teatro Andante, a Platô – Plataforma de Internacionalização do Teatro, que é coordenada por Marcelo Bones e tem como objetivo central viabilizar a circulação internacional de nossa produção artística.

Peça de classe média: texto de Noturno é assinado pela dramaturga mineira Sara Pinheiro – Foto: Guto Muniz

MIGUEL ARCANJO PRADO — Qual é a cara do teatro feito pelo Invertido? Qual é o recado que vocês querem dar?
RITA MAIA —
A nossa cara, talvez, seja não ter uma única cara… Pelo contrário, investimos na possibilidade de reinventar-nos coletivamente a cada novo projeto criativo. Não queremos nos comprometer com padrões estéticos reconhecíveis de antemão.
LEONARDO LESSA — Eticamente, entretanto, temos um compromisso bem definido. Através de nossos espetáculos, interessa-nos falar sobre os dias de hoje, provocar reflexões diretas sobre o homem e a sociedade contemporâneos.

MIGUEL ARCANJO PRADO — Além do VAC, vocês já têm outros festivais em mente? Quais? Vão para Curitiba?
RITA MAIA —
Um espetáculo precisa do encontro com o público para ganhar vida e circular. Para ”Noturno” esse ciclo se inicia efetivamente agora, após nossa estreia em Belo Horizonte.
LEONARDO LESSA — Estamos em contato com curadorias de diversos festivais do País na expectativa de que o trabalho possa ganhar a estrada rapidamente. Em 2015 também planejamos realizar uma temporada do espetáculo em São Paulo, onde estivemos no ano passado com Os Ancestrais e fomos muito bem recebidos.

Noturno
Quando: Quinta a sábado, 21h, domingo, 19h. 60 min. Até 18/1/2015
Onde: Teatro Oi Futuro Klauss Vianna (av. Afonso Pena, 4001, Mangabeiras, Belo Horizonte)
Quanto: R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia-entrada)
Classificação etária: 14 anos

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1 Resultado

  1. Phillipe disse:

    Um processo criativo coletivo.

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