Por trás do pano – Rapidinhas teatrais

Antônio Ginco e Marco Faustino na peça Escapamento: estreia dia 15 – Foto: Renato Grieco

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

Você vai chegar lá
O Brasil está ficando cada vez mais velho. E é bom aprender a respeitar quem chega à terceira idade, até mesmo porque um dia todos nós chegaremos lá e não desejamos ser tratados como lixo. Por isso, é importantíssimo que o palco discuta também a temática. É o que faz a peça Escapamento, que estreia no próximo dia 15 no Espaço Elevador, em São Paulo. A direção é de Valter Bahia Filho, com a Cia. Trilhas da Arte. Ficará em cartaz quartas e quintas, 21h, até 13 de novembro. Vai, gente!

Ser ou não ser
A jornalista e dramaturga Silvia Gomez resolveu trazer para os dias atuais a aflição do personagem Gregor Samsa, que acorda um dia e descobre que virou inseto, no livro Metamorfose, publicado por Kafka em 1915. Na peça Abra a Janela Antes de Começar, ele é um executivo preso às angústias de um mundo de bônus, relatórios, e-mails, posts e mensagens de WhatsApp. Ou seja: o nosso inferno de cada dia.

A dramaturga Silvia Gomez: inferno cotidiano com pitadas de Kafka no Espaço Beta – Foto: Emídio Luisi

Eis a questão
“Num tempo em que o fluxo de notificações e a comunicação seguem um ritmo vertiginoso, ser suficiente e adequado é tarefa complicada. Então, o que pode acontecer quando o que você é parece não ser suficiente para o mundo hoje? Talvez você precise inventar outra coisa para você, metamorfosear-se”, explica Silvia Gomez. A direção é de Fábio Mazzoni. A peça está em cartaz até 31 de outubro, quinta e sexta, 20h, no Espaço Beta do Sesc Consolação. Estão todos convidados.

Ódio no coração
Assim como boa parte do Brasil, a turma teatral também está se digladiando nas redes sociais por conta do segundo turno das eleições. Se no primeiro turno todo mundo da arte amava Luciana Genro, agora, a polarização é entre PT e PSDB. O fervor é presente em ambos os lados. Os ataques mútuos acontecem nas redes sociais, onde muita gente desfez “amizades”. Sem dó nem piedade.

Observação
Aliás, o Facebook já deveria ter trocado há muito tempo o uso da palavra “amizade” por outra mais condizente, como “contato” ou mesmo “conhecido”. Porque amigo de verdade é aquele para se guardar do lado esquerdo do peito, debaixo de sete chaves, dentro do coração. Como falava a canção.

Ego
Falando em rede social, a coluna tem uma observação a compartilhar: muita gente do teatro adora sair por aí pedindo atenção e divulgação para seus projetos, mas é incapaz de curtir ou compartilhar nas redes sociais os projetos ou vitórias dos colegas. O teatro precisa aprender a ser mais unido e olhar menos para o próprio umbigo. Todos ganhariam bem mais.

Luta de classe
Voltando a falar das eleições, a coluna, que é atenta a tudo, observa que os artistas do teatro alternativo, ou pobre mesmo, para deixarmos eufemismos de lado, bradam voto em Dilma. Já uma boa parcela dos artistas dos musicais comerciais, aqueles com muito dinheiro, não se avexam em declarar voto em Aécio.

Autora pop: Michelle Ferreira vai falar sobre reality shows em sua nova peça – Foto: Bob Sousa

O Retorno
Michelle Ferreira, queridinha da nova geração teatral, está nos últimos preparativos para seu novo espetáculo. Será sobre reality shows, com a sua A Má Companhia Provoca. A estreia será em novembro, no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

América Vizinha 1
O elenco da peça América Vizinha, dirigido por Juliana Sanches no Grupo XIX de Teatro, está em polvorosa. A obra ganhou o ProAC Primeiras Obras. Voltará ao cartaz em 2015. Coisa boa.

América Vizinha: últimos dias da peça no Armazém XIX na Vila Maria Zélia, em SP – Foto: Divulgação

América Vizinha 2
As duas últimas apresentações de América Vizinha em 2014 serão feitas neste sábado e domingo, 19h30, no Armazém XIX da Vila Maria Zélia, no Belém, zona leste paulistana. Como está lotando e é de graça, é bom ligar antes e pedir para reservar entrada. Para garantir, né?

Freud explica
Após fazer temporada no Rio, a atriz Janaína Leite, do Grupo XIX, voltará a São Paulo com a peça solo Conversas com o Meu Pai. A obra estará em cartaz novamente a partir de 24 de outubro no Centro Cultural São Paulo. Na montagem inspirada em sua própria vida, a atriz fala de sua relação com o pai.

Iepe: à esquerda, André Félix, que quebrou a perna, à direita, Anderson Galvão, o substituto – Foto: Divulgação

Quebre a perna!
A turma da Trupe Temdona passou o maior aperto nos últimos dias. O protagonista da peça Iepe, André Félix, quebrou a perna às vésperas da estreia. A brincadeira é que ele levou a sério demais a expressão “quebre a perna”, utilizada pelos artistas antes de uma estreia para desejar sorte. O ator Anderson Galvão foi convocado de última hora para assumir o personagem beberrão do texto de Luis Alberto de Abreu. Mas já está tudo nos conformes. Tanto que os meninos estreiam nesta sexta (10), às 21h, no Casulo das Artes (rua Sebastião Guimarães Correa, 235, perto do metrô São Judas). Ficam em cartaz todas as sextas-feiras do mês de outubro. O ingresso é R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia. Teatro político com muito humor.

Poesia além da vida
A poetisa norte-americana Sylvia Plath resolveu acabar com a própria vida aos 30 anos, em 1963. Mas, ela ganha vida outra vez na obra Ilhada em Mim – Sylvia Plath, de autoria Gabriela Mellão, com direção de André Guerreiro Lopes. A artista é vivida pela atriz Djin Sganzerla, que é filha dos cineastas Rogério Sganzerla e Helena Ignez. A peça está em cartaz no Sesc Pinheiro, até 1º de novembro, sempre quinta, sexta e sábado, 20h30. Recado dado.

Mergulho profundo
Para representar as aflições da poetisa suicida, Djin fica mergulhada no palco, que é transformado em um grande espelho d’água pela cenografia de André Guerreiro Lopes. A peça ainda tem grife: o figurino é assinado pelo estilista e agora também homem do teatro Fause Haten. Chique, né?

Phedra D. Córdoba: ela foi chamada para participar de um programa de TV – Foto: Bob Sousa

O chamado
A diva cubana Phedra D. Córdoba está empolgadíssima. Foi convidada para participar de um programa de TV. Eita.

Acordadíssima
O ex-Dzi Croquettes Claudio Tovar vai se jogar no mundo infantil. Ou melhor, já se jogou há muito tempo. Depois de marcar época na década de 1970 com sua performance transgressiva no palco, ele acaba de adaptar o texto do clássico infantil A Bela Adormecida. Virou A Bela Adormecida Uma Ópera Rock. A peça, moderníssima, estreia em novembro no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. A protagonista é Giselle Medeiros, que participou da primeira versão de Chiquititas no SBT. Você se lembra?

Gente de teatro
A coluna encerra com uma foto que junta dois guardiões do teatro paulistano em um abraço: a jornalista e programadora de teatro do Sesc Consolação, Adriana Macedo, querida da coluna, e o grande diretor Antunes Filho. A foto foi tirada no CPT (Centro de Pesquisa Teatral) do Sesc Consolação, onde Adriana e Antunes sempre batem aquele papo gostoso. O teatro, quase sempre, é a pauta.

Adriana Macedo e Antunes Filho no CPT do Sesc Consolação: amizade nos bastidores do palco – Foto: Arquivo pessoal

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2 Resultados

  1. Phillipe disse:

    1. Sobre o comentário acerca de lutas de classes, cada um vota em quem quiser. Vejo pessoas de todas as classes sociais declarando votos para ambos. Afinal, o presidente será eleito para governar o Brasil para todos e não para um grupo. Tenho amigos que votam nos dois e respeito a opção de ambos; por uma questão de elegância, adoto um tom neutral, mesmo tendo decidido meu candidato. Como vivemos num Estado democrático de direito, as pessoas são absolutamente livres para votar nas pessoas que quiserem.

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