Dois ou Um com Roquildes Junior

O ator Roquildes Junior movimenta a cena cultural de Salvador com A Outra Cia. de Teatro – Foto: Anna Bispo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Foto de ANNA BISPO

O baiano Roquildes Junior é ator de A Outra Companhia, de Salvador. O grupo retoma agora em julho, em sua sede, no centro soteropolitano, a peça O Que de Você Ficou em Mim, que celebra os dez anos da trupe. Além de estar em cena, ele assina também a direção musical da obra, que tem direção de Luiz Antônio Jr. e Thiago Romero. Também em julho, atua paralelamente na produção Barrinho – O Menino de Barro, infantil baseado na obra de Mabel Veloso e dirigido por Fernanda Paquelet. E o moço ainda encontra tempo para fazer a trilha do espetáculo de dança Corpo Zipado, de Anderson Danttas, o mais novo integrante d’A Outra. Não bastasse tudo isso, o artista soteropolitano também exibe seu lado músico toda quinta-feira, no projeto Música de 5ª, que acontece na porta da sede da companhia toda quinta, no meio do povo. Ele aceitou o convite do Atores & Bastidores do R7 para participar da coluna Dois ou Um. Dez perguntas cheias de possibilidades. Ou não.

Música ou teatro?
Música no teatro, para o teatro, para cena. É meu vício. Aos quatro anos já subia no palco para acompanhar meu pai que cantava no bar que minha mãe tinha. Muito tempo depois comecei a fazer teatro e achei que a música me serviria apenas, a exemplo de meu pai, como um hobby, até que estimulado por Marco França (Clowns de Shakespeare) e tendo como referência Jarbas Bittencourt (Bando de Teatro Olodum) descobri, junto A Outra Companhia essa brincadeira de fazer música pra cena. Hoje as duas linguagens são pra mim uma só. Impossível separar.

Zé Celso ou Bob Wilson?
Zé Celso. Nunca tive a oportunidade de ver nada do Bob Wilson ao vivo, mas a minha experiência com Zé Celso foi muito potente, arrebatadora. Quando vi Os Sertões lembro de ficar uma semana pensando no espetáculo, falando sobre, foi incrível. Tempos depois vi As Bacantes e aquilo me tocou de novo, com a mesma potência da primeira vez. Acho o Oficina sensacional.

Ocupe Estelita ou repressão policial?
Ocupe Estelita Sempre. Nem repressão policial nem nenhum tipo de repressão a nada. O que está acontecendo em Recife é muito triste. A vontade é de estar lá, acampado também, engrossando o coro e tentando evitar que esse absurdo aconteça.

Ivete Sangalo ou Claudia Leitte?
Ivete Sangalo é massa! A forma como ela mobiliza a multidão em cima do trio elétrio é mágico. Gosto muito.

Porto da Barra ou Farol de Itapuã?
Na verdade Ponta do Humaitá, um lugar lindo que fica na Cidade Baixa, em Salvador. Fica mais próximo da minha casa e costumo ir com maior frequência. É um daqueles cantinhos que toda cidade tem e que nem todo mundo conhece. Tem um por do sol lindo, fica próximo da Ribeira, onde tem o melhor sorvete da cidade.

Abaeté ou Rodrigo de Freitas?
Abaeté. Confesso que sou suspeito pra falar de Salvador, adoro a cidade, apesar de reconhecer todos os problemas. Como soteropolitano e suburbano tenho conhecimento de causa das dificuldades que os cidadãos da nossa cidade enfrentam diariamente. Mas mesmo assim gosto muito daqui. E no caso do Abaeté, toda a poesia e misticismo que envolve o lugar é justificado. É lindo.

Natal ou São João?
São João! O Natal é lindo, familiar, mas o São João é muito legal, a comida, a festa e principalmente a música: forró, xote, baião, galope. Me encanta.

Menino Maluquinho ou Pequeno Príncipe?
Sou louco pelo Pequeno Príncipe. É uma obra prima de uma profundidade, de uma delicadeza, de uma verdade, de uma poesia…

João Gilberto ou Gilberto Gil?
Adoro artistas múltiplos, talvez pela minha dificuldade de fazer somente uma coisa por vez. Não consigo. Estou sempre fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo, certamente por influência d’A Outra Companhia que nunca trabalha num projeto só por vez e justamente por isso: Gilberto Gil. A capacidade de se transmutar, de passear por vários ritmos, a busca por formas diferentes de fazer música, tocar reggea e xote, baião, forró, rock… a influência histórica e política no processo articulação e pensamento de uma política cultural no Brasil… é um gênio. Todo respeito e admiração a João Gilberto, mas Gil foi e é uma referência mais contundente em mim.

Copa ou palco?
Palco sempre. Com Copa, sem Copa, de qualquer jeito: palco. É um lugar aonde me sinto abrigado, exposto e protegido ao mesmo tempo. E acho que podemos, devemos e usamos o palco inclusive para nos colocarmos sobre a Copa, sobre política, sobre o mundo.

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2 Resultados

  1. Phillipe disse:

    Boa entrevista, verdadeira.

  2. Márcia La Cruz disse:

    Roquildes Junior, artista comprometido com sua arte, sua cidade e seu povo!! Vida longa a Outra Companhia, Evoé!!

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