Peça tem triângulo amoroso polêmico
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
O jornalista Franz Keppler já é um dos mais dramaturgos brasileiros mais encenados na contemporaneidade. Após fazer sucessos como Divórcio e Camille e Rodin, ele estreia nova peça nos palcos paulistas: Só… Entre Nós, em cartaz no Espaço Beta do Sesc Consolação.
A peça fez sucesso festival Satyrianas do ano passado e traz um polêmico triângulo amoroso formado por um professor de música, sua mulher e seu aluno.
A montagem ganhou direção de Joca Andreazza.
No elenco, estão os jovens atores Ricardo Henrique, Marcia Nemer-Jentzsch e Tiago Martelli.
Keppler conta que o texto nasceu após uma noite na casa de amigos regada a bom vinho.
— Na volta para casa na madrugada fria, a melancolia do clima, o medo das perdas, a lembrança dos amores que terminaram, o vazio das ausências preenchido pelas memórias. Fui dormir embalado por todas essas sensações.
No dia seguinte, veio a “vontade enorme” de escrever, segundo ele. Em pauta, as matizes do amor.
A montagem de Andreazza tem como referência a obra do artista plástico Edward Hopper. Diante das telas dele, o espectador costuma agir como uma espécie de observador oculto. Na peça, o público também é convidado a ver tudo pelo buraco da fechadura.
Andreazza diz que sua encenação não quer ser maior do que “a poesia dura e urbana do tema dos encontros e desencontros”. E coloca seus atores em evidência, aproveitando para cutucar a cena atual.
— Mostro os atores como protagonistas da cena teatral, esquecidos pelo teatro pós-dramático, no qual apenas o encenador aparece aos olhos dos espectadores.
Sofisticada, a trilha do espetáculo é composta simplesmente pela Suíte n°1 para Violoncelo, de Bach.
Só… Entre Nós
Quando: Segunda e terça, 20h. 45 min. Até 15/7/2014
Onde: Espaço Beta do Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo, tel. 0/xx/11 3234-3000)
Quanto: R$ 10 (inteira), R$ 5 (meia) e R$ 2 (comerciários e dependentes)
Classificação etária: 12 anos
Curta nossa página no Facebook!
Leia também:
Fique por dentro do que rola no mundo teatral
Se um triângulo amoroso já é complicado, o que dizer de um que envolve também uma relação de hierarquia, como o caso de professor-aluno? Particularmente, não gosto. Acho natural que as pessoas se encontrem (tive uma colega que se apaixonou e casou com o professor, ainda no Ensino Médio) seja no trabalho ou na escola, mas o cerne da questão para mim é alguém casado, em uma posição de hierarquia, permitir que seu pupilo prossiga nesse encantamento.
Penso que primeiro a pessoa deveria ter seu divórcio para, desimpedida, viver o amor com outra pessoa. Pode ser “bonito” na ficção, mas, na vida real, a parte traída sempre sai muito machucada.