Domingou: História do Jornalismo no Brasil ou simplesmente um texto para Angela Carrato

“Angela falava de gente como João do Rio, Claudio Abramo e Samuel Wainer” – Foto: Redação do JB nos anos 80

Por MIGUEL ARCANJO PRADO*

Outro dia, estava na correria, frente ao computador, e eis que pipoca na rede social um pedido de amizade que me fez voltar no tempo. Dessas viagens imediatas e sem aviso prévio.

Tratava-se de Angela Carrato, minha primeira professora de jornalismo na Fafich, a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, onde me formei em comunicação social. Angela foi minha professora antes de tudo. Explico.

Antes de fazer jornalismo, cursei dois anos de geografia, também na UFMG. Contudo, o tempo foi passando e, assim como metade da minha turma, não estava muito satisfeito com a tal da geomorfologia climática estrutural. Nem com a aula de estatística.

Resolvi que precisava de um respiro. E, para desanuviar a cabeça, matriculei-me em uma disciplina optativa do jornalismo, lugar que, no fundo, sabia ser meu destino. O nome da matéria era História do Jornalismo no Brasil. E era Angela Carrato quem ministrava.

Desde a primeira aula, eu mal podia esperar pela próxima. Angela falava de gente como João do Rio, Claudio Abramo e Samuel Wainer. E sempre com muita propriedade. Ela sabia de tudo. E contava nos mínimos detalhes. Lembro-me que até trouxe o José Maria Rabelo, do histórico jornal O Binômio, para dar uma palestra no auditório. Foi um sucesso.

Nesta mesma época, o Roberto Drummond, jornalista que escreveu Hilda Furacão, também esteve para um debate com os alunos na minha velha conhecida arena da Fafich. Ouvia em deleite suas respostas.

E foi, assim, no cotidiano das aulas de Angela Carrato que decidi que o jornalismo era mesmo meu destino imprescindível. Foi ali, vendo ela falar com tanto orgulho de nomes que marcaram esta profissão tão dura e tão importante no Brasil que decidi abandonar meus colegas geógrafos do Instituto de Geociências e rumar sem volta para o curso de comunicação social da Fafich.

Foi uma das decisões mais acertadas da minha vida. E alguma parte do jornalista que sou hoje se deve a Angela Carrato, que agora, para meu espanto, está a um clique no espaço pós-moderno que é a rede social.

Ainda não tive coragem de falar nada com ela. Porque, diante de alguém com tanto peso na minha formação, não poderia ser uma conversa banal, supérflua, de internet. Sou mineiro. E ela também. Por isso, preferi este texto tão simples e tão verdadeiro.

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e tem saudade da Fafich. A coluna Domingou, uma crônica semanal, é publicada todo domingo no blog Atores & Bastidores do R7.

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3 Resultados

  1. Josie Jeronimo disse:

    Também fui aluna da Angela Carrato. É uma emoção ler seu texto, Miguel. Um grande abraço aos dois grandes jornalistas!

    • Miguel Arcanjo Prado disse:

      Emoção é ter uma jornalista do seu peso como leitora deste blog. Forte abraço, minha querida!

  2. Phillipe disse:

    O texto ficou até poético. Acertei quando disse que você é uma pessoa grata.

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