Satyros reúne artistas na praça Roosevelt em Vigília pela Liberdade nos 50 anos do golpe militar

Aventureiros estão na programação da Vigília pela Liberdade: Tatá Aeroplano, Luiz Gayotto e Gero Camilo – Fotos: Giovanna Cóppola, Mônica Bento e Celina Germer

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

O grupo paulistano Os Satyros não poderia ficar de fora das ações que lembram os 50 anos do golpe militar que instaurou a ditadura no Brasil em 1964. Tanto que a turma aceitou o convite de Asdrúbal Serrano em fazer uma Vigília pela Liberdade. O objetivo é “relembrar a história do ponto de vista das artes e da cultura através de uma releitura feita por artistas contemporâneos das manifestações culturais em evidência na época do golpe”. E tem espaço para todas áreas artísticas. Além do teatro, haverá também ações de música, de literatura e de cinema. Tudo com entrada gratuita na praça Roosevelt, reduto do teatro alternativo paulistano, entre os dias 30 de março e 1º de abril.

Veja, abaixo, a programação completa:

LITERATURA
Quando: 30 de março (domingo)
Onde: SATYROS III

NO TEMPO DA LITERATURA
Um evento literário, com curadoria e apresentação de Marcelino Freire, para celebrar a democracia, às vésperas dos 50 anos do golpe militar, e também para homenagear o escritor paulistano Marcelo Rubens Paiva.
18h: Marcelino Freire (contista e autor do romance “Nossos Ossos”) convida as escritoras Ivana Arruda Leite (autora de “Falo de Mulher”) e Paula Bajer Fernandes para, juntos, conversarem sobre ditadura e literatura com Beatriz Bracher, autora, entre várias obras, do romance “Não Falei”, livro que conta as memórias de um professor, militante da educação, que participou da luta armada nos anos 60 e 70.
19h30: Marcelino Freire convida os escritores, e militantes literários, Binho (poeta criador do Sarau do Binho) e Wilson Freire para, juntos, conversarem sobre realidade e ficção com Marcelo Rubens Paiva, numa mesa que também será uma homenagem ao autor, entre outros, do livro “Feliz Ano Velho”, ele que é reconhecido por sua obra e por sua incansável luta (ao lado da mãe) para esclarecer o desaparecimento do pai, o ex-deputado federal socialista Rubens Paiva.

ESPECIAL: Na ocasião, serão lançados: o livro “A Única Voz”, do pernambucano Wilson Freire, com ilustrações de Germano Rabelo, publicado pela Editora Mariposa Cartonera e que tem como pano de fundo a ditadura militar brasileira; e o jornal “50 Anos Daquele 64”, organizado por Regina Junqueira Agnelli e com textos inéditos, feitos exclusivamente para o evento e assinados pelas integrantes do coletivo paulistano Martelinho de Ouro, do qual participa a escritora convidada Paula Bajer Fernandes (autora do romance “Viagem Sentimental ao Japão”).

MÚSICA

Show Aventureiros – O trio formado por Gero Camilo, Tatá Aeroplano e Luiz Gayotto, acompanhados de uma banda especialíssima, comanda um show em 4 partes, com a presença dos convidados Rubi, Tata Fernandes e Paula Cohen, revisitando os principais gêneros musicais da década de 1960: Tropicália, Jovem Guarda, Bossa Nova e MPB. Duração: 2 horas. Quando: 30 de março, domingo. Local e horário a definir.


CINEMA

Luz nas Trevas: filme com Ney Matogrosso será exibido na Vigília pela Liberdade – Foto: Divulgação

Exibição do filme “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla e de sua continuação, “Luz nas Trevas”, filme atual sobre a ditadura com apresentação da atriz Djin Sganzerla. A exibição dos filmes será seguida de um debate promovido por Helena Ignez. Quando: 01 de abril, terça-feira. Local e horário a definir.

TEATRO

DRAMAMIX

Quando: 31 de março (segunda-feira)

Onde: Teatro de Arena (horários a definir)

Encenação de 3 textos curtos escritos por autores convidados relevantes na cena contemporânea brasileira que tem como mote a Ditadura no Brasil. Os 3 autores confirmados são Lauro César Muniz, Marcelo Rubens Paiva e Sergio Rovery.

Os grupos convidados que realizarão a leitura encenada dos textos são: “Núcleo Bartolomeu de Depoimentos” com direção de Claudia Schapira, “Os Fofos Encenam”, com direção de Fernando Neves e “Pessoal do Faroeste”, com direção de Paulo Faria.
CENAS CONTEMPORÂNEAS

Os grupos Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, sob a direção de José Celso Corrêa e Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, sob a direção de Claudia Schapira, apresentarão durante a Vigília cenas de peças contemporâneas que abordam o período da ditadura.

Walmor e Cacilda 64 – O Robogolpe – “Foi decretado estado de sítio. Suspensão dos direitos políticos. Cassação! O Teatro está como ponto de mira. Gorilas e entreguistas encenam essa Produção”. A violência da censura foi imediatamente dirigida à arte: invasão a teatros, prisões de artistas, malas de objetos, perucas e figurinos de teatro sendo enterrados e amurados para escapar da repressão. Dentre as inúmeras perseguições dirigidas a artistas e a militantes, Cleyde Yáconis se torna alvo e é presa pelo DOPS. Cacilda Becker entra em cena convocando os meninos do Oficina e do Teatro de Arena, fazendo do DOPS palco da ação revolução teatral, ao mesmo tempo que as ruas eram feitas palco do teatro do mundo.

A violência da repressão dirigida aos artistas é combatida com beleza: artistas de teatro tomam a delegacia vestidos com máscaras de carnaval e paletós, carregando consigo a força cômica do teatro, transformando a maldade em teatralidade. Cacilda, diante do delegado do DOPS, toma frente do partido do teatro, da política do teatro, que é a provocação, agitação transformadora, força da qual ela mesma é prova viva em carne.Tendo vivido Antígone no palco, Cacilda afirma: “O humano que experimenta uma vez na vida Antígone, esquece o clone- não mais baixa a cabeça, nem reza ou curva a coluna para um César”. Direção: José Celso Martinez Corrêa. Elenco: Artistas da Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona. Onde: Teatro Oficina. Quando: 01 de abril, terça-feira às 20h. Duração: 90 minutos.


Hiphopera Brasileira: trechos musicais de Orfeu mestiço! – 
A partir do espetáculo “Orfeu Mestiço – Uma Hiphopera Brasileira”, a Cia Teatral Núcleo Bartolomeu de Depoimentos faz um painel histórico-musical da época da ditadura e de algumas situações que repercutiram durante esse período. Especificamente situam a ação na cena que retrata os festivais de música, utilizando esse instante para emoldurar músicas e alguns textos criando um painel fragmentado da ditadura e da obra como um todo. Texto e Direção: Claudia Schapira. Direção Musical: Eugênio Lima e Roberta Estrela D’Alva. Direção de Movimento e Coreografias: Luaa Gabanini. Atores-MCs (elenco): Cristiano Meirelles, Daniela Evelise, Eugênio Lima, Luaa Gabanini, Ricardo Leite e Roberta Estrela D’Alva. Músicos-Ogãs e Dançarinos: Cássio Martins e Giovane Di Ganzá, Alan Gonçalves, Daniel Laino, Antônio Malavoglia, Bruna Braga, Bruna Maria e Lígia Nicácio. Onde: SP Escola de Teatro. Duração: 40 minutos. Classificação: 12 anos. Quando: 30 de março, domingo às 17h.


50 ANOS EM 5 ATOS INSTITUCIONAIS – Farsa Cinquentenária

Onde: Satyros II

O projeto, com direção geral de Asdrúbal Serrano, percorre por meio de cinco peças teatrais denominadas “Atos Institucionais”, cinquenta anos do golpe militar a partir de peças tragicômicas desenvolvidas ao longo dos últimos anos pelo Nupeac – Núcleo de Pesquisa e Ação em Arte Comunitária. Na montagem as pesquisas transcorreram quatro eixos estruturantes: o Teatro Dialético (de Bertolt Brecht), o Teatro do Oprimido (de Augusto Boal), o Teatro Pobre (de Jerzy Grotowski) e o Teatro Popular (de Idibal Pivetta do Teatro Popular União e Olho Vivo).

Ato Institucional Nº 1 – A Cidade Morena da Vaquinha Mococa – Comédia em um ato. A peça percorre cinquenta anos do golpe militar a partir da cidade de Caconde. O espetáculo mostra as peculiaridades de seus personagens ao longo de décadas e traça um perfil social e político que percorre desde a ditadura militar (que elegeu provisoriamente o “cacondense” Ranieri Mazzilli) à contemporaneidade (com a omissão dos seus representantes políticos). Texto e Direção de Asdrúbal Serrano. Com o Teatro Popular Cara e Coragem. Classificação 14 anos. Duração 60 minutos. Quando: 31 de Março, segunda-feira às 21h.

Ato Institucional Nº 2 – Etty Fraser é Mulher? – Comédia em oito quadros. As desventuras de uma trupe de artistas populares contrários ao golpe militar que ocupa um teatro abandonado e, naquele local, discutem uma revolução das ideias políticas, sociais e ideológicas na valorização da liberdade. Texto: Asdrúbal Serrano. Direção: Elenir Rodrigues. Com a Cia Mambembe. Classificação Livre. Duração 60 minutos. Quando: 31 de março, segunda-feira às 19h.

Ato Institucional Nº 3 – Tapa na Cara – Sessão de Teatro do Oprimido. A partir de recortes de jornal das décadas de 1960 e 1970, a peça refaz os caminhos tomados pelos chefes da repressão militar contra os movimentos sociais e os estudantes. Coordenação: Asdrúbal Serrano. Com a Cia Mambembe e Teatro Popular Cara e Coragem. Quando: 30 de março, domingo às 18h. Espetáculo seguido de homenagem a Etty Fraser, Idibal Pivetta, José Celso Martinez Corrêa, Antônio Abujamra e Lauro César Muniz.

Ato Institucional Nº 4 – Quase Pagu – Leitura Dramática com Eduardo Suplicy e Soninha Francine. Tragicomédia em três atos. Um jovem ator de Teatro Popular, enquanto se prepara para a montagem de uma peça sobre a Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, é perseguido por uma militar que o acusa de ser um subversivo e perigoso terrorista. Texto e Direção: Asdrúbal Serrano.  Com o Teatro Popular Cara e Coragem. Classificação 14 anos. Duração 90 minutos. Quando: 30 de março, domingo às 16h.

Ato Institucional Nº 5 – Meninos de Brodowski – Peça em dois atos. Revoltados com a tortura, dois internos da FEBEM de Batatais expropriam o rascunho original de “A Criança Morta” de Cândido Portinari e entregam para uma militante de esquerda. Texto e Direção: Asdrúbal Serrano. Com o Teatro Popular Cara e Coragem. Duração 60 minutos. Classificação 14 anos. Quando: 30 de março, domingo às 14h.

ESPECIAL

O grupo Parlapatões confirmou presença no evento com uma apresentação no dia 01/04.

O evento tem apoio da Funarte e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

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