Crítica: Com dramaturgia confusa, elenco guerreiro e tarimbado sustenta espetáculo A Última Sessão
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Um time de atores tarimbados nos palcos dá ao espetáculo A Última Sessão o suporte que a dramaturgia deixa faltar. Por isso, o elenco guerreiro é o grande destaque desta montagem.
É claro que merece forte aplauso a realização de um espetáculo com atores na faixa etária acima dos 60, 70 e até 80 anos. Em um País onde se cultua o jovem incessantemente, a iniciativa do autor e diretor Odilon Wagner merece elogios fartos.
Contudo, a sensação que se tem ao ver a peça é que o texto não está à altura do elenco que a produção conseguiu reunir.
No palco, Laura Cardoso, Nívea Maria, Etty Fraser, Sylvio Zilber, Miriam Mehler, Sonia Guedes, Gésio Amadeu, Yunes Chami, Gabriela Rabelo e Marlene Collé formam um grupo de pessoas na terceira idade que acabam por fazer um embate revelador de seus respectivos passados de erros, culpas e ressentimentos.
Se a montagem acerta ao mostrar estes idosos como pessoas comuns, com erros e acertos, não infantilizando a velhice, falta estopo a alguns personagens e há ainda situações incômodas: como o racismo explícito sofrido pelo personagem de Gésio Amadeu, com palavras duras que deixam a plateia constrangida. E o pior: depois a cena é vergonhosamente justificada e atenuada pelo próprio texto. Alguns personagens não se desenvolvem: a de Gabriela Rabelo parece sequer ter função na história. Em alguns momentos, a trama mergulha em enredos dignos da novelista cubana Glória Magadan.
Mesmo com tais empecilhos, a peça consegue, aos poucos, abarcar o público para a convenção proposta. Contudo, quando o espectador consegue finalmente mergulhar na história, ele é sacudido na cadeira por uma guinada perigosa da trama, que mergulha num abismo profundo de emoções psicodramáticas, quebrando o clima e a convenção até então estabelecidos.
O elenco faz milagre com o que tem. Laura Cardoso se destaca como uma senhora moderníssima, libertária e livre de culpas. É realmente uma atriz conhecedora de seu ofício e sabe como dominar a plateia. Sonia Guedes, com sua personagem contida e angustiada, também é outro destaque justamente indo por outro lado: com uma proposta sutil e crível. Etty Fraser também é outra que conquista a plateia sobretudo com os fartos palavrões na boca de sua personagem – coisa que os brasileiros adoram ouvir.
O elenco de A Última Sessão é realmente guerreiro, porque consegue segurar a verossimilhança e carisma de seus personagens mesmo quando a peça imerge em uma confusão psicodramática.
A Última Sessão
Avaliação: Bom
Quando: Quinta, 16h; sexta e sábado, 21h; domingo, 18h. 90 min. Até 27/4/2014
Onde: Teatro Shopping Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569, 7º piso, metrô Consolação, São Paulo, tel. 0/xx/11 3472-2229)
Quanto: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada)
Classificação etária: 12 anos
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Vou discordar do comentário de que brasileiro adora ouvir palavras chulas. Sou brasileiro e eu não só as evito, como acho bem feio quem as emprega. A pessoa pode externar a raiva sem se valer desse artifício. Acho bem desagradável conversar com quem emprega esse tipo de linguajar, principalmente quando é gente da turminha dos “Descoladinhos de Plantão”, que se usa dessa artimanha para chocar simplesmente por chocar os outros.
Quanto ao elenco, concordo totalmente com o que escreveu. Excelente elenco e texto oportuno.
Assisti a peça nesse sábado. Minto, sai no meio da apresentação. Não gostei. Apelação dramatica e cômica. Muito drama por nada e muito palavrão por nada. Me cheirou a peça caça niqueis com um elenco de primeira,mas diga-se de passagem: péssima a dicção de Laura Cardoso… Péssimo texto, cansativo, bobo. Uma pena …..esperava mais desse espetaculo…