Crítica: Cléo De Páris se liberta da tormenta do vampiro e abraça o sonho bom em Nosferatu

Cléo De Páris e Eric Lenate contracenam em Nosferatu, sob direção de Fabio Mazzoni – Foto: André Stéfano

Por Miguel Arcanjo Prado

Artistas geralmente precisam de catarses poéticas após grandes tormentas. Esta é a sensação que tem o espectador que vê o espetáculo Nosferatu, em cartaz no interessante horário da meia-noite de sexta e sábado no Espaço dos Satyros Um, na praça Roosevelt, após a curta temporada no Sesc Consolação, em São Paulo.

A montagem é dirigida por Fabio Mazzoni, que conseguiu criar belas imagens e fortes sensações abusando de todos os recursos simples e à disposição de um teatro inteligente. Luz, trilha e as performances do elenco faz com que o espectador se envolva com a obra e entre naquele pesadelo que vive a personagem da atriz Cléo De Páris.

No enredo, uma compilação despretensiosa de textos escritos pela própria Cléo em seu blog na internet, ela tenta se desvencilhar da tormenta de um vampiro recorrente, que invade seus sonhos, transformando-os em pesadelo sem fim. O vampiro, neste caso, é interpretado por Eric Lenate, um dos melhores atores de sua geração.

Eric dispensa as palavras para construir o ar soturno de seu personagem. Apresenta trabalho de corpo resultado de pesquisa evidente e merecedor de aplauso no final. Eric é ator compenetrado, cria seus personagens em minúcias, demonstrando no palco domínio de seu ofício. Não à toa foi formado na forma de Antunes Filho. E não envergonha seu mestre, muito pelo contrário, o reverencia com seu trabalho.

Cléo De Páris, por sua vez, é uma atriz que vai por caminho distinto. Cria do grupo Os Satyros, sempre mesclou sua figura com suas personagens. Ou pelo menos foi essa sensação que sempre deixou no público. Cléo é personagem de si própria e isso também se faz presente nesta obra de algum modo. Os limites jamais foram claros ou delimitados. E esta é a razão de seu sucesso nos palcos. O público sempre desejou Cléo tanto quanto a suas personagens. Ela sempre foi sugada. E sabe o peso que isso tem.

Assim, Nosferatu é um grito sincero de quem viveu a tormenta de um vampiro, mas que consegue se libertar do pesadelo e partir para um sonho bom.

Nosferatu
Avaliação: Muito bom
Quando: Sexta e sábado, meia-noite. 50 min. Até 14/12/2013
Onde: Espaço dos Satyros Um (praça Roosevelt, 214, metrô República, São Paulo, tel. 0/xx/11 3258-6345)
Quanto: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada)
Classificação etária: 16 anos

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2 Resultados

  1. Felipe disse:

    Bela fotografia.

  2. Felipe disse:

    Um comentário adicional: Cléo deveria tentar cinema. É bela e tem uma imagem impactante. Creio que faria sucesso na tela grande. A beldade deveria pensar seriamente acerca disso.

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