Crítica: O Homem, a Besta e a Virtude cativa a todos

 

Espetáculo de Pirandello é apresentado no Memorial da América Latina, com entrada grátis

Por Miguel Arcanjo Prado

Uma mulher que precisa preservar sua honra a qualquer custo é o tema da divertida comédia O Homem, a Besta e a Virtude, que será apresentada às 17h deste feriado de 1° de Maio no auditório Simón Bolívar do Memorial da América Latina, em São Paulo, com entrada gratuita.

A segunda montagem brasileira para o texto de 1919 do italiano Luigi Pirandello tem direção de Marcelo Lazzarratto, da Cia. de Elevador Panorâmico, que deu um ar de commedia dell’arte à peça.

Débora Duboc vive a protagonista, a senhora Perella, que foi interpretada por Fernanda Montenegro em 1962, na primeira montagem no País, dirigida por Gianni Ratto e que contava também no elenco com Ítalo Rossi.

A personagem, em uma das longas viagens do marido capitão de navio, engravida do professor de seu filho, mas precisa fazer com que o esposo queira dormir com ela no único dia em que voltará à casa, antes de nova viagem, para justificar o bebê que já haverá nascido em seu próximo retorno ao lar.

Duboc também é responsável pela concepção do espetáculo e demonstra esse domínio do todo em cena. Ela exibe virtuosismo cênico nas passagens que faz, aos olhos do público, entre as personagens senhora e criada, em trocas de roupas diante da plateia, deixando claro que aquilo é (bom) teatro.

De forma simples e cativante, a montagem leva o público a embarcar naquela história cheia de significados bem mais profundos do que parece num primeiro olhar.

O texto ferino de Pirandello, ao expor a hipocrisia da vida em sociedade – com boa tradução para o português feita por Marcos Caruso –, critica de forma impiedosa os costumes baseados nas aparências.

Se na sociedade atual a traição de uma mulher não é mais punida com a morte desta e de seu amante, contudo a hipocrisia não ficou fora de moda. Muito pelo contrário. E é aí que o espetáculo se torna atual e provoca identificação imediata com seu espectador.

Gabriel Miziara – que dá intensidade ao incoerente discurso moralista do professor –, Fernando Fecchio e Thiago Adorno formam o trio que se reveza entre os personagens masculinos com forte presença cênica e que acompanha o vigor de Débora Duboc no palco, realmente em grande momento como atriz.

O Homem, a Besta e a Virtude mostra que é possível fazer teatro para todas as idades e níveis socioculturais de forma cativante, em oposto àquele teatro para o próprio umbigo que tanto vemos por aí. O espetáculo, clássico, simples e popular, envolve o público ao mesmo tempo em que o faz pensar e refletir, cumprindo assim sua mais nobre função artística.


O Homem, A Besta e a Virtude
Avaliação: Muito Bom
Quando: Quarta (1°), às 17h
Onde: Auditório Simón Bolívar do Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, s/n°, ao lado do Metrô Barra Funda, São Paulo, tel. 0/xx/11 3151-3982)
Quanto: Grátis (ingressos podem ser retirados na bilheteria do local a partir das 15h)
Classificação etária: 12 anos

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1 Resultado

  1. Felipe disse:

    Aplausos aos envolvidos e que o povo curta essa ótima oportunidade!

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