Evaldo Mocarzel quebra muro entre teatro e cinema na mostra Novas Dramaturgias em Tempos Digitais

O cineasta, dramaturgo e jornalista Evaldo Mocarzel: empenhado em decifrar os palcos – Foto: Piu Dip

Por Miguel Arcanjo Prado

Espetáculos teatrais em vídeo não costumam resultar em boa experiência. Afinal de contas, o teatro é vivo e efêmero demais para o registro. Certo? Errado. Pelo menos, se esta pergunta for feita ao cineasta Evaldo Mocarzel, que é curador da mostra Teatro SP: Novas Dramaturgias em Tempos Digitais, que acontece desta quarta }(28) até domingo (2) no Itaú Cultural, em São Paulo (veja mais abaixo).

BR3, do Teatro da Vertigem: o começo de tudo

Em conversa com o Atores & Bastidores do R7, Mocarzel afirma que sua busca vai “bem mais além” do que um mero registro audiovisual de uma montagem. “Tudo começou com o BR-3, do Teatro da Vertigem em um barco no rio Tietê, um registro que foi feito na guerrilha”, lembra. Foi quando resolveu que não bastava gravar, mas “fazer um registro da íntegra da peça que fosse retrabalhado pela linguagem cinematográfica e ainda um trabalho de entrevistas, com a linguagem do documentário”.

Foi um sucesso. Os grupos gostaram da ideia e desde então Mocarzel não parou mais. Já fez filmes de mais de 20 trabalhos de ponta do teatro paulistano, de grupos como Os Fofos Encenam, Satyros, Vertigem e XIX.

O foco logo passou a não ser apenas filmar o resultado final, a peça, como também os longos processos criativos e colaborativos que os artistas fazem antes de uma encenação estrear. “Tem muita riqueza no processo que acaba desaparecendo completamente na montagem”, explica.

Um olho no presente e outro no futuro: cena de Memória da Cana, da Cia. Os Fofos Encenam, filmado por Mocarzel

Ao esmiuçar esses detalhes, o cineasta tem consciência do trabalho de memória póstuma que realiza: “Sempre tenho a preocupação de eternizar a peça na linguagem audiovisual, promovendo um diálogo entre teatro e cinema”, conclui.

Quem pensa que há rios de dinheiro para os projetos de Mocarzel se engana. Muitos filmes são bancados pelos próprios grupos.

O cineasta conta que o prazer está embutido na tarefa, já que conseguiu, com o projeto, conviver de perto com as principais companhias paulistanas, das quais é fã confesso. “Eu sou um cineasta e dramaturgo. Então, por trás do documentarista tem um dramaturgo que grita”, entrega.

Tanta proximidade, faz ele concluir, sem pestanejar: “O teatro paulistano tem a cara do mundo. É um teatro de ponta”.

Mostra Teatro SP: Novas Dramaturgias Em Tempos Digitais
De 28 de novembro a 2 de dezembro de 2012 (quinta-feira a domingo)

Espaço Itaú de Cinema – Shopping Frei Caneca
(Rua Frei Caneca, 569 – Consolação, tel. 0/xx/11 3472-2368, Grátis )

Dia 28 (quarta-feira) – Sessão Especial – 21h – Hysteria (71 minutos), de Ava Rocha e Evaldo Mocarzel
Espaço Itaú de Cinema – Sala 6 (118 lugares) – Entrada franca – sujeito à lotação da sala

Itaú Cultural – Sala Vermelha
(Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô – Tel. 0/xx11 2168-1776, Grátis)

Dia 29 (quinta-feira) – Documentários Cênicos – 16h – Exibição do longa documental “Vila Verde” (80 minutos) – 18h – Exibição do longa documental “Dizer e Não Pedir Segredo” (90 minutos) – 20h – Exibição de “Festa de Separação” (26 minutos) + debate com Janaína Leite, Luiz Fernando Marques, Marcelo Soler, Nelson Baskerville e mediação de Evaldo Mocarzel.

Dia 30 (sexta-feira) – Intervenção Urbana – 16h: Exibição de “BR-3 (a peça)” (150 minutos) – 18h30: Exibição de “BR-3 (o documentário)” (80 minutos) – 20h: Exibição de “A Última Palavra é a Penúltima” (26 minutos) + debate com Eliana Monteiro, Luiz Fernando Marques, Georgette Fadel, Kil Abreu e mediação de Evaldo Mocarzel.

Dia 1º (sábado) – Dramaturgias Expandidas – 16h: Exibição de “Memória da Cana” (140 minutos) – 18h: Exibição de “Cia.Livre 10 Anos” (120 minutos) – 20h: Exibição da versão curta do documentário “Memória da Cana” (26 minutos) + debate com Newton Moreno, Cibele Forjaz, Rodolfo García Vázquez, Cecília Salles e mediação de Evaldo Mocarzel.

Dia 2 (domingo) – Hibridização de Linguagens – 16h: Exibição de “Kastelo” (100 minutos) – 18h: Exibição de “Assombrações do Recife Velho” (71 minutos) – 20h: Exibição do curta-metragem “A Cicatriz é a Flor” (20 minutos) + debate com Felipe Hirsch, Beto Brant, Antonio Araújo, Claudia Schapira e mediação de Evaldo Mocarzel.

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