O Retrato do Bob: Pedro Vilela, o sonhador coletivo

Torcedor do Náutico, o ator e diretor do Magiluth Pedro Vilela posa para Bob Sousa

Por Miguel Arcanjo Prado
Foto de Bob Sousa

Pedro Vilela tudo resolve no Magiluth, grupo de Recife do qual São Paulo já sente saudade – eles passaram os últimos dois meses na metrópole paulista, em temporada de três espetáculos na Funarte.

Líder natural da companhia de seis atores pernambucanos, sabe a importância da palavra gestão. E faz valer o que diz desde que entrou no grupo para ser iluminador. Por isso, ganhou respeito e espaço.

Está acabando por se tornar um diretor natural da trupe. Com a montagem de Viúva, porém Honesta, de Nelson Rodrigues, que apresentam neste domingo (19) no Teatro Santa Isabel, o mais tradicional de Recife, faz sua segunda direção.

A encenação do Magiluth abre o 10° Festival Recifense de Literatura. Depois, esperam conseguir do Poder Público local um teatro que os abrigue na capital pernambucana, porque as coisas não andam nada fáceis para os artistas nos palcos de lá.

A primeira direção de Vilela foi em O Canto de Gregório, apresentando na temporada paulistana e que chega ao Rio em outubro agora.

Quando era pequeno, o menino Pedro, criado no centro recifense, ao lado da Igreja da Santíssima Trindade, chegou até a pensar em ser padre. Foi coroinha e tudo, encantado por toda aquela liturgia da Igreja.

Depois, torcedor do Náutico, quis ser jogador de futebol, mas logo percebeu que sua sina era ser artista. Afinal, qual lugar melhor do que o palco do teatro para realizar trapaças iguais àquelas com as quais se divertia menino, vendo Pica-Pau e Pernalonga aprontar?

No momento, mata a saudade de casa. Mas comemora a temporada em Sampa. Foi criativa. Moraram os seis em um apartamento que respirava arte em todos os cômodos. E usaram extenuantes ensaios na Funarte, a uma quadra do apê, para dar o toque do Magiluth à obra do centenário Nelson Rodrigues, que nasceu em Recife há exatos cem anos no próximo dia 23.

Foi Vilela quem escolheu montar Viúva, porém Honesta, uma farsa irresponsável de nosso dramaturgo, cheia de reviravoltas. A peça foi apresentada no Rio, no Teatro Dulcina, que reuniu artistas de todo o País para homenagear o mestre. Coincidência, ele e os meninos montaram a obra em dois meses, tempo igual ao que Nelson Rodrigues levou para escrevê-la e levá-la ao palco.

Para dar conta de tanta batalha, Pedro Vilela conta com a companhia de Maira Rusu, sua mulher há três anos. Ela passou e passa, a seu lado, por todos os perrengues e conquistas do grupo. Segura a barra.

Aos 27 anos, ele tem um sonho coletivo: ver o Magiluth crescer, conquistar sua sede, onde possam montar seus trabalhos, receber e formar novos artistas na capital pernambucana. Como líder nato, pensa em todos.

— O Magiluth não quer ser um estranho no ninho. Queremos contagiar todo Recife. Por isso, meu sonho é coletivo.

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1 Resultado

  1. 13/10/2020

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