Festival Internacional de Teatro de BH chega ao fim com mérito de ter levado artista aonde povo está

Diversidade no FIT-BH: cenas de Mistero Buffo (SP), Tranfiguration 1 (França), Oxlajuj B'Aqtun (Guatemala) e A Pequenina América e Sua Avó $ifrada de Escrúpulos (MG) - Fotos: Guto Muniz, Kika Antunes e Glenio Campregher/Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado
Enviado especial do R7 a Belo Horizonte*

É com tristeza que os belo-horizontinos se despedem, neste domingo (24), da 11ª edição do FIT-BH (Festival de Teatro, Palco & Rua de Belo Horizonte).

Foram 16 dias em que a capital mineira respirou arte em suas nove regiões. Afinal, o evento somou 143 apresentações em 60 lugares espalhados (mesmo) pela cidade, com 19 espetáculos internacionais vindos de 12 países, 12 nacionais e dez locais.

Com 18 anos de idade, o que faz com que seja parte da tradição cultural mineira, o festival é abraçado pelo povo belo-horizontino, que compareceu em peso às peças.

E foi no acalento do público generoso que o Galpão celebrou nos os 20 anos da montagem Romeu e Julieta, emblemática para a história do grupo de BH. E a população da cidade não faltou à festa. Só na praça do Papa a obra foi vista por 16 mil pessoas em transe. Quem disse que não há público para o teatro? O Galpão prova que teatro pode ser fenômeno de massa, sim, senhor.

A mistura brasileira e internacional, sobretudo latina, deu o tom. Os baianos do Bando de Teatro Olodum mostraram que fazem pesquisa séria sobre as questões da negritude, com seu Bença, instalado na quadra da escola de samba Cidade Jardim, encravada no alto do morro. Nada mais propício. Atores compenetrados deram o tom (sóbrio) a uma ancestralidade que muitos de nós, infelizmente, teimam ignorar. Fizeram com competência e seriedade.

Os meninos da mundana companhia, de São Paulo, também causaram frisson na cidade com o famigerado O Idiota – Uma Novela Teatral, peça que viu os 600 ingressos das cinco apresentações se esgotarem em poucas horas. Mesmo durando sete horas. A obra ficou na boca do povo.

Da turma que veio da América Latina, quem chamou a atenção foi a singeleza associada ao talento das meninas chilenas da peça Villa + Discurso, dirigida por Guillermo Calderón. A peça é um painel da história recente do Chile, tão parecida com a nossa. A identificação bateu e os mineiros, no histórico prédio da Fafich, a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG.

Os argentinos de Daniel Veronese também se sobressaíram com Los Hijos se Han Dormido, que tinha no elenco Luis Ziembrowski.

Com figurino exuberante, os guatemaltecos do espetáculo de rua Oxlajuj B’Aqtun deixaram os olhos do público inebriados com a riqueza cultural das profecias maias.

Mas o grande charme do FIT-BH foi a aproximação real entre público, imprensa e artistas. E não eram poucos: o fetival teve 358 artistas ao todo, dos quais 165 gringos. Diferentemente de outros festivais do Brasil, que mantém burocrático isolamento entre as partes, no FIT-BH a proximidade entre artistas, jornalistas e espectadores foi algo concreto, sobretudo no Ponto de Encontro montado dentro do Parque Municipal, no coração do centro, que reuniu média de 2.000 pessoas por noite.

Lugar para jogar aquela conversa fora sobre teatro, vida e arte, ao sabor de cerveja acompanhada de comida deliciosa, como só os mineiros sabem fazer. Que venha logo o 12º FIT-BH.

Teatro para todos os gostos e sotaques no FIT-BH (de cima para baixo, da esq. p/ dir.): Romeu e Julieta (MG), A Mulher sem Pecado (MG), Abito (Itália), Antes do Silêncio (MG), Bença (BA), El Autor Intelectual (Colômbia) e Los Hijos se Han Dormido (Argentina) - Fotos: Guto Muniz, Kika Antunes, Glenio Campregher e Marco Aurélio Prates/Divulgação

*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do FIT-BH.

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  1. 24/06/2012

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  2. 25/06/2012

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  3. 26/06/2012

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  4. 26/06/2012

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