Ator que caiu no Tietê promete não dar susto na peça Bom Retiro, 958 metros, do Vertigem

Roberto Audio em cena da nova obra do Vertigem - Foto: Flavio Morbach Portella/Div.

Por Miguel Arcanjo Prado

Não é todo mundo que pode dizer que já mergulhou no poluído rio Tietê, em São Paulo. Pois o ator paulistano Roberto Audio pode.

Tudo bem, não foi por vontade própria, mas fato é que durante a temporada da peça BR-3, encenada em um barco, ele se desequilibrou e caiu nas fétidas águas.

Em conversa exclusiva com o R7 ele diz que foi apenas um susto e promete não cair dessa vez em nenhum bueiro do bairro Bom Retiro, onde o Teatro da Vertigem, do qual faz parte, estreia nesta sexta-feira (15) a obra Bom Retiro, 958 metros, que traça um panorama do bairro.

— Eu caí no rio Tietê em um acidente. O barco encostou em uma coluna, me desequilibrei e caí. Era um frio lascado! Mas, fui rápido. Caí e já subi no barco na mesma hora. Lembrei-me do que tinham me ensinado: “se cair, fecha os olhos e a boca”. Depois, tomei um banho cheio de produtos químicos para me esterilizar. É claro que o rio é muito sujo, mas a sujeira grossa fica no fundo. Ainda bem que não cheguei lá. Mas podem ficar tranquilos, não vou cair dessa vez. Os bueiros do Bom Retiro estão todos tapadinhos [risos].

O espetáculo é encenado, como o nome já diz, ao longo de uma caminhada de quase um quilômetro pela rua do tradicional bairro de imigrantes do centro paulistano.

Audio conta que a montagem surgiu após muita pesquisa do grupo, que completa 20 anos de existência em novembro. A trupe tem forte ligação com a região, onde já encenou importantes obras, como Apocalipse 1,11 (1999).

Surgido em 1992, o Teatro da Vertigem é um dos principais grupos da cena contemporânea. Obras como Paraíso Perdido (1992), O Livro de Jó (1995) e BR-3 (2005) são apenas algumas das que entraram para a história do teatro brasileiro.

Porto seguro de imigrantes que aportam em São Paulo, o Bom Retiro é um dos bairros da cidade com maior diversidade cultural. Nele convivem judeus, árabes, coreanos, peruanos e bolivianos, entre outros povos. A vocação para o comércio, sobretudo o têxtil, também é abordada pela obra, já que fantasmas que habitam o lugar surgirão para o público durante a caminhada que tem direção de Antônio Araújo e dramaturgia de Joca Rainers Terron.

Audio, que está no Vertigem desde 1998, afirma que o “teatro de percurso” é uma característica do grupo, “apesar desta ser a primeira vez que o percurso é feito nas ruas”. Para o artista, isso leva “o público a descobrir a cidade com outros olhares”.

Ele entrou no grupo vindo do CPT (Centro de Pesquisa Teatral) de Antunes Filho para substituir Matheus Nachtergaele em O Livro de Jó, que partia para uma turnê na Rússia em 1998. E não saiu mais.

— Somos um grupo de pesquisa interessado em intervir na cidade e em se aproximar cada vez mais do público. E vamos fazer isso perambulando pelo Bom Retiro.

Para quem tem medo de andar pelo bairro à noite, Audio tranquiliza.

— O Bom Retiro à noite é bem tranquilo. Não há nada para ter medo. Pedimos ao público que vá com sapato confortável e sem bolsa muito grande. Mas vamos estar unidos e protegidos.

Bom Retiro, 958 metros
Quando: quinta a sábado, às 21h. Domingo, às 19h. Até 30/9/2012.
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade (r. Três Rios, 363, Bom Retiro, Metrô Tiradentes, SP, tel. 0/xx/11 3255-2713)
Quanto: R$ 30 (inteira)
Classificação: 16 anos
Atenção: em caso de chuva o espetáculo é cancelado

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1 Resultado

  1. Gabriel Oliveira disse:

    Olá Miguel, fico muito feliz em saber da existência do grupo Vertigem. Com o foco para pesquisa da cidade, só vem nos esbaldar e nos mostrar o quão somos ricos neste Brasil que mistura tudo sem peso algum.
    Parabéns ao grupo!!!!

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